Servidores do IBGE defendem “confiabilidade” contra Pochmann
"O clima organizacional está deteriorado e as lideranças encontram sérias dificuldades para desempenhar suas funções", dizem funcionários do instituto em carta aberta

Servidores do IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgaram nesta terça-feira, 21, uma carta aberta contra o presidente da instituição, Marcio Pochmann (foto).
Alguns trechos do manifesto, que foi assinado por 134 servidores, já tinham sido divulgados, e comprovam o que O Antagonista diz desde a época em que Pochmann foi indicado por Lula ao cargo.
“Nós, servidores do IBGE que compomos a área técnica dessa Instituição de quase 90 anos de bons serviços prestados à sociedade brasileira, queremos expressar nosso apoio e solidariedade aos diretores que pediram recentemente a exoneração de seus cargos por não concordarem com as práticas da gestão do presidente do IBGE, Sr. Márcio Pochmann, neste cargo desde agosto de 2023. Igualmente, queremos manifestar solidariedade ao Sindicato do IBGE, que também tem sido constantemente atacado pela atual gestão”, diz a carta.
Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto, que atuavam como diretora e diretor-adjunto da Diretoria de Pesquisas do instituto (DPE), respectivamente deixaram o IBGE em 6 de janeiro.
Segundo os servidores do IBGE, “a condução administrativa do Sr. Pochmann tem sido pautada por posturas autoritárias e desrespeito ao corpo técnico da casa, tendo culminado, em 15 de janeiro de 2025, na divulgação de um comunicado à sociedade para desferir ataque inaceitável à integridade ética dos servidores e de seu sindicato”.
Leia também: Pochmann faz exatamente o que se temia e assombra IBGE
“Confiabilidade”
“Diferentemente do que diz o referido comunicado, os servidores nunca atacaram ou levantaram mentiras sobre o IBGE. Ao contrário, somos absolutamente comprometidos com a qualidade das informações estatísticas e geocientíficas que produzimos até hoje”, diz a carta aberta, que continua:
“Os dados produzidos no IBGE seguem princípios e metodologias confiáveis e internacionais. Nossa preocupação é justamente manter a qualidade e, sobretudo, a confiabilidade dos dados. Por esse motivo, a criação de uma fundação público-privada que usa o próprio nome do IBGE, sem que houvesse ampla discussão sobre os possíveis riscos à nossa autonomia e à confiabilidade dos dados, tem mobilizado intensamente e com razão nosso corpo técnico.”
Na sequência, vem uma parte que já tinha sido divulgada pela imprensa:
“A condução do IBGE com viés autoritário, político e midiático pela gestão Pochmann é a verdadeira causa da crise em que se encontra a instituição. Sua gestão ameaça seriamente a missão institucional e os princípios orientadores do IBGE, na medida em que impõe a criação da Fundação IBGE+ como única alternativa às demandas por recursos financeiros para a realização das pesquisas e projetos que compõem nossa agenda de trabalho.”
“O clima organizacional está deteriorado”
“Nós, servidores do IBGE, assim como o sindicato, nos posicionamos firmemente em defesa do IBGE e de sua história, reivindicando a imediata paralisação dos trabalhos da controversa Fundação IBGE+, criada à nossa revelia, e a abertura de debates e consultas internas sobre seu futuro”, diz a carta aberta, em referência à entidade público-privada aberta por Pochmann com o nome do instituto.
Os servidores também reclamaram de acusação feita pelo presidente do IBGE:
“O Sr. Pochmann também acusa os servidores de estarem contrariados pelo fim do regime remoto integral, devido a interesses particulares. Contudo, o desejo dos servidores é que o modelo de trabalho fosse devidamente discutido, levando em consideração a qualidade e o ganho de produtividade da instituição. Pedimos que nossa experiência na gestão das áreas técnicas fosse escutada e isso não foi atendido.”
A mensagem termina dizendo que “o clima organizacional está deteriorado e as lideranças encontram sérias dificuldades para desempenhar suas funções”. “Por isso, não vemos outro caminho senão solicitar o apoio da sociedade e a atenção das autoridades competentes para sanar a crise instaurada”, finaliza o texto.
Leia mais: Foi Pochmann que lançou “escuridão” sobre estatísticas oficiais
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (1)
Salvador
21.01.2025 16:53O desastre anunciado. Quando foi indicado, todos que o conhecem reagiram, demiurgo deu de ombros, como sempre, carguinho "prá cumpanheiro" o país que se lixe