Enquanto emedebistas como o prefeito reeleito de Porto Alegre, Sebastião Melo, defendem que o MDB se distancie do governo Lula (à esquerda na foto), o ex-presidente José Sarney (à direita na foto) quer o petista cada vez mais perto.

Questionado pelo Estadão sobre a aliança entre o prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o PL de Jair Bolsonaro na eleição municipal, Sarney disse que é “amigo pessoal do Lula” e que “se o Lula for candidato [em 2026], sou da opinião que nós devemos apoiar o Lula”.

“E ele está fazendo um bom governo, não tá?”, disse o ex-presidente com alguma relutância, antes de seguir: “Tá. Como sempre fez em outros mandato”.

“Veio da classe trabalhadora“

Na sequência, Sarney fala sobre um Lula idealizado, como se o Brasil ainda estivesse na década e 1980, quando o petista surgia para a política brasileira:

“O Lula tem uma grande presença, veio da classe trabalhadora e representa a visão da população. Ele foi o homem que estendeu a participação de todas as classes no governo. Se não fosse a democracia, o Lula não seria candidato a presidente. Mas, com a democracia, fomos capazes de chegar a ter um presidente recrutado na área dos trabalhadores do país.”

“Apoio informal”

Ao comentar a participação do MDB no governo Lula, Sarney falou em “apoio informal”.

“O MDB tem três ministérios robustos entre as 37 pastas importantes: Planejamento, pasta central da Economia, com Simone Tebet; Cidades, de diálogo constante com municípios, com Jader Filho; e Transporte, com grande orçamento e diálogo constante com os estados, com Renan Filho… Mas acontece que não há um apoio formal. Todo ele é informal.”

Questionado sobre a expressão, explicou-se:

“Quero dizer que não é uma decisão que o partido tenha formalmente tomado. Foram escolhas que resultaram de um diálogo constante porque nós estamos ainda numa fase de apoio entre os partidos.”

Marçal

Perguntado sobre a possibilidade de o influenciador Pablo Marçal concorrer à presidência e sobre as perspetiva do MDB para a próxima eleição presidencial, Sarney preferiu falar apenas do próprio partido:

“Eu não posso entrar nessa coisa, porque eu não quero discutir o que ele ou outro vão fazer ou não. Eu já estou na fase de estar olhando as coisas com uma certa isenção, de longe. E é o que venho fazendo. Já estou muito velho para estar querendo influir ou participar diretamente, disso ou daquilo”, respondeu, limitando-se a dizer que “o MDB está firme e forte”.