O objetivo do acordo entre PCC e CV
Relatório do Senappen mostra que o acordo entre as duas facções criminosas estabelece a unificação de seus advogados

Um relatório de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, mostrou que o acordo de cooperação firmado entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), as maiores facções criminosas do país, estabelece a unificação dos advogados das organizações.
O objetivo, segundo o Fantástico, da TV Globo, seria tornar menos rígido o tratamento de presos perigosos no sistema penitenciário nacional.
“A unificação dos advogados do Primeiro Comando da Capital, o PCC, e Comando Vermelho, o CV, vem sendo formatada por integrantes do alto escalão das duas facções. E teria como objetivo fortalecer os grupos criminosos para, principalmente, pleitear demandas dos chefes presos no sistema penitenciário federal”, diz o relatório.
“Dados apontariam que integrantes do PCC já estariam reunindo assinaturas de pessoas em condições de votar para subsidiar um suposto ‘abaixo-assinado’ em que os signatários pleiteariam a flexibilização da lei para permitir o retorno de visitação com contato físico no sistema prisional federal”, acrescenta.
Nas penitenciárias federais, os presos cumprem pena em regime disciplinar diferenciado, permanecendo isolados em celas individuais monitoradas por câmera, com saídas diárias para banho de sol por apenas duas horas diárias.
Sem acesso a televisão, rádio ou jornais, os detentos podem receber duas visitas por semana, mas sem direito a contato físico.
A trégua entre PCC e CV
Como mostramos, o Comando Vermelho e o PCC selaram uma “trégua” negociada desde 2019.
Há cinco anos, o chefe do CV, Marcinho VP, e o líder do PCC, Marcola, discutiam os termos do acordo que incluirá o compartilhamento de rotas de escoamento de cocaína no país.
Os dois trajetos que serão compartilhados são a rota Caipira, que leva drogas produzidas em países sul-americanos pelo interior de São Paulo e Triângulo Mineiro até a África e Europa, além da rota Solimões, no Amazonas, comandada pelo Comando Vermelho.
Segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeaco) do Ministério Público de Paulo, a “trégua” entre as duas organizações criminosas já estava estabelecida no Rio e em São Paulo desde 2023.
“Agora ela se espalhou por outros estados”, disse.
Leia também: Está tudo dominado (por PCC e CV)
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Comentários (3)
Denise Pereira da Silva
17.02.2025 20:42Ah, e o projeto “pena justa” deve ser… pura coincidência. Que transmimento de pensação.
Fabio B
17.02.2025 09:40Apenas para esclarecer, quando falo sobre a simpatia do Judiciário pelo crime organizado, não me refiro a um apoio explícito e declarado ao PCC ou ao CV. O que ocorre é uma adesão disfarçada, manifestada através de da defesa de pautas que coincidem com os interesses dessas facções. Exemplos disso incluem os julgados e apoio explícito a agenda do "desencarceramento", a redução de penas, e a imposição de restrições à atuação policial, como a proibição de operações ostensivas em áreas dominadas pelo crime. Essas medidas, sob o pretexto de garantias jurídicas e direitos humanos, na prática resultam no fortalecimento das organizações criminosas e na fragilização da segurança pública.
Fabio B
17.02.2025 09:33O Legislativo, apesar de sua ineficiência crônica e corrupção endêmica, dificilmente aprovaria pautas diretamente alinhadas aos interesses das facções criminosas. Por isso, vemos representantes do crime buscando apoio em outras esferas do poder, especialmente no Executivo, onde recorrentemente participam de reuniões nos ministérios da Justiça e da Igualdade Racial, e no Judiciário, onde são recebidos com espantosa condescendência, incluindo passagens e estadias. Ministros do STF não apenas proferem declarações simpáticas ao crime organizado, mas chegam ao cúmulo de participar de documentários financiados por essas mesmas facções. Paralelamente, tribunais em diversas instâncias seguem a mesma linha, favorecendo a soltura de criminosos e garantindo a devolução de seus bens, aprofundando a erosão do Estado de Direito e a submissão das instituições ao crime.