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O delator desmemoriado

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Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 25.11.2016 19:11 comentários
Brasil

O delator desmemoriado

A jornalista Roberta Paduan lançou o livro "Petrobras, uma história de orgulho e vergonha", pela editora Companhia das Letras, leitura obrigatória para quem deseja entender a fundo a gênese do petrolão.No livro, ela dedica um bom trecho a Augusto Ribeiro de Mendonça, delator que, segundo Roberta, ainda tem muito a contar à Lava Jato.Leiam o relato que Roberta Paduan nos enviou...

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Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 25.11.2016 19:11 comentários 0

A jornalista Roberta Paduan lançou o livro “Petrobras, uma história de orgulho e vergonha”, pela editora Companhia das Letras, leitura obrigatória para quem deseja entender a fundo a gênese do petrolão.

No livro, ela dedica um bom trecho a Augusto Ribeiro de Mendonça, delator que, segundo Roberta, ainda tem muito a contar à Lava Jato.

Leiam o que Roberta Paduan nos enviou:

“O delator Augusto Ribeiro de Mendonça Neto foi o primeiro empresário a fechar acordo de colaboração premiada com a força tarefa da Lava Jato, em outubro de 2014. Ele foi peça fundamental para esclarecer como funcionava o cartel das empreiteiras que drenaram por mais de uma década recursos da estatal. Com o passar do tempo, tornou-se peixe pequeno, diante de prisões de tubarões, como Marcelo Odebrecht. No entanto, se a memória de Mendonça Neto for um pouco mais estimulada pelos investigadores, é possível que ele ajude a esclarecer episódios ligados à gênese do petrolão.

Em agosto de 2002, Lula gravou o primeiro programa do horário eleitoral gratuito no BrasFels. Em um discurso inflamado, afirmou que a Petrobras estava cometendo um crime ao encomendar plataformas de petróleo no exterior. Caso fosse eleito, a Petrobras passaria a contratar plataformas no Brasil. Disse, ainda, que aquele mesmo estaleiro, o Brasfels, poderia construir as duas plataformas que a estatal pretendia contratar.

Dias antes da gravação do programa eleitoral, Lula havia participado de um encontro no Sindicato Nacional da Indústria Naval, no Rio de Janeiro. Entre os empresários que o ciceronearam estava Mendonça Neto. A ponte entre Lula e o empresário foi feita pelo ex-prefeito de Angra, o atual deputado federal Luiz Sérgio. Luiz Sérgio, aliás, havia trabalhado como metalúrgico no Verolme (antigo nome do Brasfels), antes de se tornar líder sindical e ingressar na política.

O deputado e Mendonça Neto também haviam visitado, em dupla, executivos da Petrobras, sempre tentando convencê-los de que a empresa deveria contratar as plataformas de estaleiros instalados no país. Na época, a recomendação do presidente da estatal Francisco Gros era a de encomendar os equipamentos que apresentassem o melhor preço e a melhor qualidade, fossem eles construídos dentro ou fora do Brasil.

Eleito, Lula cumpriu a promessa. Antes mesmo de assumir o governo, dois membros de sua equipe de transição, Dilma Rousseff e José Sérgio Gabrielli, convocaram o então diretor de engenharia da Petrobras, Luiz Menezes, para fazer um pedido: gostariam que a estatal adiasse as licitações de duas plataformas que estavam sendo licitadas, a P-51 e a P-52. Dilma explicou ao diretor Menezes que o novo governo gostaria de estabelecer novas regras para a contratação dos equipamentos.

Gros, que havia se desgastado pelos jornais com Lula durante a campanha eleitoral, concordou. Por fim, o estaleiro Brasfels ganhou a licitação para construir as duas plataformas. Hoje já se sabe que o Brasfels pagou propina para ganhar os contratos. Em sua delação premiada, no entanto, Mendonça Neto esqueceu de contar aos procuradores que pagou propina pelas duas plataformas. Contou apenas que pagara pelas obras realizadas em refinarias (o empresário deixou a sociedade no estaleiro em 2005 e sua nova empresa atuava em obras de refino).

Nos depoimentos de outubro de 2014, o empresário afirmou que ‘tinha ouvido falar’ que o estaleiro havia pago propina pelas plataformas. A versão de Mendonça Neto foi, finalmente, mudada em um depoimento em julho deste ano, quase dois anos depois da delação original, e após a prisão do lobista Zwi Skornicki, que era representante da Keppel Fels no Brasil, ex-sócia de Mendonça Neto no estaleiro.

Segundo Skornicki, o estaleiro negociou e pagou propinas por contratos com a Petrobras desde 2003, quando ganhou o contrato da primeira plataforma já no governo Lula. O juiz Sérgio Moro, que tomava o depoimento de Mendonça Neto, percebeu a mudança na versão do delator, que agora corre o risco de perder os benefícios do acordo de colaboração.

Por que Mendonça Neto escondeu que pagou propina pelas duas plataformas? Lula, Dilma, Gabrielli e Luiz Sérgio souberam de tais acordos? Essas perguntas precisam ser respondidas. Zwi, aliás, já declarou que pagou propina a Luiz Sérgio para não depor na CPI da Petrobras, da qual Luiz Sérgio foi relator.”

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