O autoritarismo da propina
O perigo, agora, é que haja uma manobra para anistiar todos os crimes.Por favor, leia o comentário de Joaquim Falcão, em O Globo:A corrupção se mostrou, além de individual, sistêmica também. Muda tudo. Contra corrupção sistêmica é preciso defesa sistêmica. Saem os advogados e entram os políticos...
O perigo, agora, é que haja uma manobra para anistiar todos os crimes.
Por favor, leia o comentário de Joaquim Falcão, em O Globo:
A corrupção se mostrou, além de individual, sistêmica também. Muda tudo. Contra corrupção sistêmica é preciso defesa sistêmica. Saem os advogados e entram os políticos. A defesa nos autos pouco protege. Está tudo conectado. Tem que haver agora defesa dentro e fora dos autos. Nos bastidores. Nas salas do Congresso. Nas antessalas do Judiciário. Nas políticas públicas do Executivo.
O direito de defesa, que tem sido assegurado, não basta mais. É insuficiente para apagar os fatos ilícitos que todo mundo vê, lê, ouve e entende.
Em vez do devido processo legal judicial, com suas petições e recursos, entram agora projetos de lei, anistias, reforma partidária, paralisação do foro privilegiado e ameaças à independência de juízes e procuradores.
Não se busca mais uma sentença absolvitória. Busca-se um acórdão político transpartidário. Em nome não mais da inocência dos réus. Mas da estabilidade econômica e da governabilidade da democracia. Como se fossem intercambiáveis.
Esta nova estratégia da defesa sistêmica, que une alguns empresários a políticos investigados e denunciados, dará certo?
Difícil avaliar. O risco clássico da democracia é quando a mesma classe social ou o mesmo grupo de interesses comanda os Três Poderes e a economia do país.
Quando os militares e seus aliados comandaram os Três Poderes, instaurou-se o autoritarismo. Hoje, o risco é igual: um mesmo grupo, público e privado, de investigados, denunciados e réus comandarem os Três Poderes.
Existe, porém, caminho político para acalmar o país em fogo, a economia parada e a opinião pública indignada. É o presidente Michel Temer afastar temporariamente os investigados, denunciados e réus de seus cargos no poder.
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