Ministro defendeu constitucionalizar atuação de sindicatos para atuar em aposentadorias
Wolney Queiroz assinou uma sugestão de emenda constitucional para regulamentar a prática

Durante a tramitação da reforma da previdência em 2019, o agora novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz (foto), assinou uma sugestão de emenda defendendo a constitucionalização da atuação dos sindicatos rurais para a concessão de benefícios a trabalhadores do campo.
As investigações da Polícia Federal desencadeadas pela operação Sem Desconto revelaram que sindicatos descontavam ilegalmente aposentadorias e pensões. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) é uma das entidades envolvidas e seria diretamente beneficiada por essa emenda apresentada por Queiroz, quando ele era deputado federal.
Pela sugestão, os trabalhadores rurais contribuiriam para a aposentadoria mediante uma alíquota sobre o resultado da comercialização de seus produtos. Segundo essa emenda, o órgão responsável pelo Regime de Previdência deveria firmar acordo de cooperação com “outros órgãos da administração pública federal, estadual, distrital e municipal, e com as entidades sindicais” para a manutenção do cadastro dos trabalhadores rurais.
Segundo investigações da Controladoria-Geral da União, apenas a Contag recebeu 426 milhões de reais em 2023 com descontos associativos. Apesar disso, a entidade ficou de fora dos pedidos de bloqueio e quebra de sigilos das associações. Ao todo, a CGU solicitou o bloqueio de 2,6 bilhões das entidades envolvidas nas fraudes do INSS.
Wolney tenta explicar escândalo a senadores
O ministro da Previdência Social afirmou nesta quinta-feira que “o tamanho e a magnitude“ dos descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões foram revelados apenas depois da deflagração da Operação Sem Desconto.
“Antes disso, o que todos nós sabíamos era o que tinha na imprensa, eventualmente ali alguma menção aos descontos, e havia uma investigação por parte da CGU e que durou praticamente dois anos. Se fosse uma coisa simples de ser detectada, essa ação teria sido deflagrada pela CGU e pela PF ainda em 2023″.
O ministro prosseguiu: “É uma coisa que demanda responsabilidade, serenidade, tempo, busca, investigação e só então as informações chegaram a público quando da deflagração da operação”.
Wolney respondia a pergunta feita pelo senador Sergio Moro (União-PR), em audiência pública na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor do Senado. Moro perguntou por que o governo federal levou dois anos para tomar uma medida concreta contra o esquema nacional de descontos não autorizados.
O parlamentar relembrou que, em junho de 2023, em uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social, a conselheira Tônia Galleti citou que tinha recebido denúncias de descontos associativos não autorizados, mas o tema não foi incluído na pauta do encontro pelo então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, mesmo com pedido da conselheira naquele momento, e voltou a ser tratado apenas no ano seguinte.
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Comentários (3)
Alexandre Ataliba Do Couto Resende
15.05.2025 16:44Tente o cidadão comum fazer qualquer cadastro em um aplicativo do Estado. É uma dificuldade grande. A receita consegue achar uma diferença em uma nota fiscal de dentista na declaração do IR em meio a bilhões de documentos e informações. Daí vem esse daí querer constitucionalizar algo que não tem nada a ver com questões fundamentais para o funcionamento do país. É aquela velha estória: se você tem alguma boa desculpa para não fazer algo, não a dê! Basta utilizar, nessa situação, os mecanismos a disposição do Estado para infernizar o cidadão comum, mas para, nesse caso, protegê-lo.
saul simoes junior
15.05.2025 13:19É a pessoa certa para apurar o que houve, foi participe!
Antonio Carlos
15.05.2025 12:54Ladrão de aposentados defendendo sindicatos lulistas