Propino-Estado contra a democracia
Denis Lerrer Rosenfield, no Estadão, mostra que as manobras para enterrar a Lava Jato destroem a democracia:“A Lava Jato desvendou a face oculta da democracia brasileira, tal como foi implementada na última década. Uma organização criminosa, disfarçada de ideias esquerdistas, tomou de assalto o Estado, trabalhando em benefício próprio e no de seus comparsas...
Denis Lerrer Rosenfield, no Estadão, mostra que as manobras para enterrar a Lava Jato destroem a democracia:
“A Lava Jato desvendou a face oculta da democracia brasileira, tal como foi implementada na última década. Uma organização criminosa, disfarçada de ideias esquerdistas, tomou de assalto o Estado, trabalhando em benefício próprio e no de seus comparsas, que enriqueceram nessa apropriação partidária do público (…).
Parlamentares e ministros em nada ajudam, pois pensam apenas em sua própria salvação. Algo chamado Brasil ou bem público simplesmente desaparece do horizonte. O sucesso do governo Temer torna-se tributário da aleatoriedade de tais movimentos, pois estratégia vem a significar sobrevivência.
Exemplo particularmente gritante se encontra nas mais diferentes tentativas de anistia (ou melhor, autoanistia, o que seria logicamente contraditório) do caixa 2, ampliando-a para as doações eleitorais legais, independentemente de sua origem. Os envolvidos na Lava Jato procuram tão somente safar-se de condenações e da cadeia (…).
O que a Lava Jato está mostrando é a existência de um propino-Estado, equivalente a um narco-Estado, numa versão mais branda e, aparentemente, politicamente aceitável. Não convém, porém, desconhecer a gravidade da situação, edulcorada pela cordialidade da classe política entre si, que dá as costas para o País.
Há um divórcio crescente dessa classe política em relação à sociedade, cuja opinião é de condenação moral generalizada. Ninguém é poupado. E a democracia encontra-se ameaçada se passos importantes não forem dados no sentido da moralidade pública pelo governo, pelo Senado e pela Câmara dos Deputados”.
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