Lupi: “A gente sempre soube” de denúncias, “não vamos fingir”
Ministro reconheceu ter conhecimento de denúncias isoladas, porém, "nunca se teve uma formação de quadrilha"

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, admitiu ter conhecimento de denúncias pontuais sobre fraudes nos descontos dos benefícios de pensão e aposentadoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) nesta terça-feira, 29.
Segundo Lupi, porém, “nunca se teve uma formação de quadrilha” para “criar umas instituições e roubar dinheiro do aposentado”.
“Porque nós não tínhamos a noção exata de tantas coisas erradas que estão aparecendo. Isso começou… a gente ter esclarecimento agora no nosso governo. Isso já vem de muitos antes. Lembra que tinha aquele caso da Gerogina, do Rio de Janeiro… Sempre apareceram casos isolados de roubos grandes, nunca se teve uma formação de quadrilha, que na verdade isso é uma formação de quadrilha. Grupos que se voltaram para criar umas instituições e para roubar dinheiro do aposentado. Isso é chocante pra mim.
Eu praticamente fui surpreendido com o volume disso. Eu sabia que tinha uma denúncia aqui, outra acolá. A gente sempre soube, não vamos fingir… o 135 denunciava isso, a gente recebia queixa, a própria plataforma do INSS aparecia com algumas pessoas denunciando. Agora nesse quantitativo, com uma organização, com uma quadrilha verdadeira, eu tomei conhecimento agora e isso não pode continuar”, afirmou a jornalistas, após ser ouvido na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados.
As supostas fraudes estão sendo investigadas pela Polícia Federal e a Controladoria-Gera da União (CGU), cujas apurações indicam descontos na ordem de R$ 6,3 bilhões em benefícios previdenciários entre 2019 e 2024.
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Elogio a Steffanutto
Mais cedo, Lupi saiu em defesa do ex-presidente do INSS (Instituto Nacional de Segurança Social) Alessandro Stefanutto demitido pelo presidente Lula (PT), após a Polícia Federal (PF) deflagrar a Operação Sem Desconto para investigar fraudes na entidade.
“O doutor Stefanutto é procurador, quadro de carreira do INSS. Tem PHD, mestrado, um homem altamente qualificado. Eu trabalho muito com intuição, com empatia, com sensibilidade. Eu nomeei o doutor Stefanutto. Por isso, eu assumo todos meus atos, ninguém indicou, eu escolhi porque vi nele um preparo inicial para que ele desempenhasse um bom trabalho na Previdência Social”, disse em audiência na Câmara dos Deputados.
Servidor de carreira do INSS desde 2000 e filiado ao PSB, Alessandro Stefanutto foi indicado ao cargo pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi.
Ele ocupou o posto deixado por Glauco Wamburg, exonerado ainda em 2023 por suposto uso irregular de passagens e diárias pagas pelo governo.
Wamburg também foi indicado por Lupi.
Lupi sabia de tudo?
Como mostramos, o ministro da Previdência Social foi alertado sobre o aumento das denúncias de fraude nos descontos dos benefícios de pensão e aposentadoria do INSS em junho de 2023, mas levou quase um ano para tomar providências.
As informações constam de atas de reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social reveladas na noite de sábado, 26, pelo Jornal Nacional.
Durante uma reunião do conselho, em 12 de junho de 2023, a conselheira Tonia Galleti trouxe o tema das fraudes à pauta, pedindo a inclusão de um debate sobre os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) das entidades que realizam descontos no INSS.
O pedido foi negado por Lupi, que alegou a necessidade de um levantamento mais detalhado. Mesmo após o alerta, o assunto só foi discutido em abril de 2024, após a intervenção de órgãos como a CGU e a Polícia Federal.
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Comentários (3)
Marcia Elizabeth Brunetti
30.04.2025 08:21Agora já viu que a narrativa de que não sabia de nada não colou, então entrou uma nova”sabia mas não tudo”. Talvez a população ainda saiba de outros detalhes, mas o nome do frei Chico desapareceu (?). Fala LULE, o que você vai fazer?
Edmar Alves Predebon
30.04.2025 08:15Palavras de Carlos Lupi: “No governo, tudo é demorado. Eu sabia o que estava acontecendo, das denúncias. Eu sabia que estava havendo um aumento muito grande (dos descontos nas mensalidades), que precisava fazer uma instrução normativa para acabar com isso e comecei a irritar pela demora. Só que o tempo do governo não é o tempo de uma empresa privada.” Este ministro, na melhor das hipóteses, isto é, no mínimo, é absolutamente incompetente (mas eu suspeito que é muito mais que isso... ). A demora em demitir o principal responsável por algo desta envergadura diz muito sobre o atual governo federal. E creio que em muitos países do mundo, não apenas Dinamarca, Suécia ou Finlândia, um caso como este daria não um "impeachment", mas sim uma renúncia, do presidente do país.
Carlos Renato Cardoso Da Costa
30.04.2025 04:47Pois então o ministro tem que arcar com as responsabilidades e pedir o boné