Justiça condena iFood a reconhecer vínculo com todos entregadores
Ministério Público do Trabalho afirma que o iFood promove um "sistema de servidão digital" aos entregadores
A 14ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT), em São Paulo, condenou o aplicativo de entregas iFood a reconhecer o vínculo de emprego de todos os entregadores e o pagamento de uma indenização coletiva de R$ 10 milhões.
Por dois votos a um, os desembargadores aceitaram recurso do Ministério Público do Trabalho (MPT), movido por uma ação civil pública. O MPT alega que o iFood submete os entregadores a um “sistema de servidão digital” e solicitou a existência de vínculo empregatício.
Para o MPT, o iFood contrata funcionários com intuito de sonegar o vínculo de emprego e os direitos trabalhistas.
A decisão ainda cabe recurso.
A resposta do iFood
Em nota enviada ao site Jota, o iFood afirmou que vai recorrer da decisão.
Para a empresa, a decisão do TRT2 prejudica o modelo de negócio e atrapalha a competitividade do mercado:
“O posicionamento destoa de decisões recentes do próprio TRT2 e gera insegurança jurídica para o setor de delivery ao estabelecer um modelo de vínculo por hora trabalhada, que não tem previsão na legislação atual e que não seria viável diante da dinâmica flexível e autônoma do trabalho por aplicativo.“
E segue: “a decisão contraria o entendimento predominante do Supremo Tribunal Federal (STF) e outras instâncias do Poder Judiciário de que não há vínculo empregatício entre plataformas de intermediação e entregadores.”
Segundo o iFood, a medida pode comprometer o setor de delivery e os entregadores que utilizam a plataforma:
“Somente em 2023, as atividades do iFood movimentaram R$ 110,7 bilhões em atividade econômica no país, representando 0,55% do PIB nacional e gerando mais de 900 mil postos de trabalho.”
STF toma as rédeas
Em março, o Supremo Tribunal Federal Brasileiro (STF) decidiu, por unanimidade, que o futuro julgamento da Corte sobre a existência de vínculo empregatício de profissionais de aplicativos, como motoristas de Uber, valerá para qualquer caso em qualquer instância.
O termo técnico se chama “repercussão geral”.
Após decidir sobre a repercussão geral, os ministros definirão que tipo de relação de trabalho há entre profissionais e aplicativos.
O governo Lula prometeu que regulamentaria o trabalho dos entregadores e motoristas de aplicativo, mas ainda não conseguiu entrar em acordo com as empresas e os trabalhadores.
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