Josias Teófilo na Crusoé: O mundo acinzentado
O colorido sumiu dos filmes, dos carros e até dos McDonald's. Será que a culpa é dos smartphones?

Quando nos demos conta, os filmes perderam o colorido, os carros tornaram-se praticamente todos brancos ou pretos, até os McDonald’s viraram prédios quadrados e escuros (costumavam ser coloridos e tinham aparência mais agradável).
E o pior é que nós nem chegamos a voltar aos tempos áureos do film noir dos anos 1930, 1940 e 1950, o mundo só ficou desbotado mesmo.
O branco e preto tem grande potencial dramático, como se vê nesses filmes. O cineasta soviético Andrei Tarkóvski chegou a dizer que os filmes em branco e preto são mais realistas que os coloridos.
Com efeito, o período que citei é fértil em filmes realistas, sintéticos e dramáticos, que resumem uma era das mais elegantes, mas também das mais sombrias — foi nessa época que aconteceu a maior guerra que a humanidade já viu, e talvez por isso muitos filmes soturnos foram feitos, filmes em que os protagonistas estavam já condenados, em que todas as pessoas são cínicas — em que parece não haver bondade no mundo.
São filmes de Julien Duvivier, Marcel Carné, ou Howard Halks, Orson Welles (Cidadão Kane e Soberba, por exemplo).
Apesar do pessimismo, ou talvez por causa dele, são os filmes mais elegantes já feitos — os personagens (interpretados por Humprey Bogard, por exemplo) fumam soturnamente, são “taciturnos e absortos”, como descreve a si mesmo o personagem do livro A Ladeira da Memória, alter ego do autor, José Geraldo Vieira.
Até no Brasil foram feitos filmes assim, como Também somos irmãos e Amei um bicheiro, ambos com Grande Otelo.
Pois bem, logo depois dessa época soturna, veio uma época exageradamente colorida, dos hippies, da contracultura.
Ao homem burguês, de paletó e gravata ou smoking, se opôs o roqueiro, o drogado, o hippie, com suas roupas coloridas.
Veio também a Nova Holywood, com cineastas autorais que fizeram uma revolução na indústria…
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