Josias Teófilo na Crusoé: O cangaço e o perigo da parcialidade da Justiça
Há quem veja o cangaço e o bando de Lampião como simples banditismo. Na realidade estava mais para uma guerra de guerrilha
Em sua coluna para a edição de número 310 da Crusoé, Josias Teófilo faz uma comparação do cangaço – que lutava contra leis impostas por coronéis e teve Lampião como seu maior protagonista – ao que acontece hoje no Brasil entre a Suprema Corte e quem discorda dela.
O cangaço é resultado direto do coronelismo, em que os coronéis eram a lei no sertão, onde o Estado não chegava. Eles mandavam e desmandavam. “Eram senhores da vida e da morte das pessoas”, como diz Antonio Risério. Ele lembra que os coronéis ameaçaram invadir Salvador, e o governo federal interviu cedendo aos coronéis o que eles queriam (por exemplo, manter suas armas e milícias), tal era o poder que detinham. Para completar, existe um fator climático: a seca de 1915, que levou a uma piora significativa na condição de vida do sertanejo e exacerbou os conflitos sociais.
Foi nesse contexto que Lampião entrou para o cangaço: durante a seca de 1915, sua família foi acusada injustamente pelo coronel Zé Saturnino de roubo. Eles fugiram do local para evitar conflitos mas aonde iam a perseguição continuava. Não conseguiram mais integrar-se à sociedade. O pai e irmãos foram mortos, a mãe morreu de desgosto. Nesse contexto, Lampião tornou-se cangaceiro. E o mais brilhante de todos os cangaceiros – não é à toa que o nome a ele dado foi Lampião: pois os disparos da sua arma iluminavam o ambiente. O padre Frederico Bezerra Maciel, que escreveu uma biografia em sete volumes sobre o Rei do Cangaço, o descreveu da seguinte forma: “O ‘bandido’ em Virgulino era apenas um ‘acidente’. Sua indiscutível genialidade superaria tudo o mais!”.
No Brasil de hoje, vemos uma politização sem precedentes do Judiciário, especialmente a Suprema Corte, que, pelas declarações dos próprios ministros (Barroso, por exemplo, declarou “derrotamos o bolsonarismo” a uma plateia), tem promovido uma série de ações contra o que chamam de extrema-direita (que na verdade é a nova direita), o que inclui prisões ilegais (Filipe Martins, por exemplo, foi acusado de ter saído do país, o que foi demonstrado que não aconteceu, mas ele permanece preso), inquéritos secretos em que quem juga é ao mesmo tempo o acusador.
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