“A impunidade crônica pode estar com os dias contados”
Jorge Pontes, delegado da PF, descreveu no Estadão o potencial transformador de Sergio Moro no Ministério da Justiça...
Jorge Pontes, delegado da PF, descreveu no Estadão o potencial transformador de Sergio Moro no Ministério da Justiça:
“A impunidade crônica do sistema processual-penal brasileiro pode estar com os dias contados. Ao aceitar o convite do Presidente eleito Jair Bolsonaro, para comandar o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro pode estar atingindo o lado que ainda faltava ser atacado para nocautear a delinquência institucionalizada que corrói as estruturas e esperanças do nosso país.
Não há dúvidas de que a Lava Jato, apesar de importante e inédita, apenas mostrou a existência de um monstro, e puniu alguns daqueles que foram por ela atingidos. Muitos ainda estão impunes; seja porque ainda não foram descobertos, seja porque os seus processos subiram ao Supremo Tribunal Federal, onde as coisas não andam com a velocidade que a sociedade espera. A operação de Curitiba não teve, por si só, o condão de transformar o ‘mecanismo’ político-estatal-empresarial que montou o crime institucionalizado. Para isso é necessário uma ação organizada da parte do governo, ou melhor, do Estado brasileiro – ação essa que ainda não foi esboçada desde 2014, ano da deflagração da Lava Jato.
Ao que parece teremos, agora, pela primeira vez, com Sergio Moro no comando de um superministério, uma política concreta de ações construtivas para a implementação de uma agenda anticorrupção e contra o crime organizado, de forma reta, direta, pragmática e sem as distrações e empulhações de sempre (…).
Só os mal intencionados poderão interpretar negativamente a ida de Sérgio Moro para a pasta da Justiça. Nos Estados Unidos tivemos Louis Freeh, que foi agente especial do FBI, Federal Prosecutor e Juiz Federal atuante contra o crime organizado, assumindo, por nomeação do Presidente Bill Clinton, a função de Diretor Geral do FBI. Moro, como Freeh, é um capital humano que pode e deve aceitar distintas missões no combate à criminalidade.”
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)