Governadores petistas testam nova linha dura na segurança após rejeição popular
Bahia e Ceará endurecem ações contra o crime e viram laboratório para mudança de estratégia do PT antes de 2026
Bahia e Ceará deflagraram nesta terça, 4, a Operação Freedom contra o Comando Vermelho. Foram presas 31 pessoas e cumpridos 46 mandados de busca e apreensão em Salvador, na região metropolitana, no interior e em Eusébio, no Ceará.
As decisões judiciais determinaram também o bloqueio de 51 contas bancárias ligadas à facção. As investigações miram homicídios e a expansão do tráfico de drogas. Entre os presos estão um homem apontado como chefe do grupo em Salvador e sua companheira, suspeita de controlar o caixa da organização.
Mais de 400 policiais participaram da operação. As equipes reuniram unidades de homicídios, inteligência, narcóticos e combate ao crime organizado, além do Bope e do Denarc. O objetivo é enfraquecer a estrutura financeira da facção e esclarecer 30 assassinatos recentes.
A ação ocorreu dias após confronto no Ceará, em que sete membros do Comando Vermelho foram mortos em Canindé. Segundo a Secretaria da Segurança, os suspeitos atacaram policiais com tiros e granadas. O governador Elmano de Freitas publicou nas redes: “Nenhum policial morto. Nenhum inocente alvejado. A população protegida.”
A fala foi elogiada por aliados e por governadores de outros estados, entre eles Cláudio Castro, do Rio de Janeiro. A postura marcou uma mudança de tom entre os governadores petistas, que agora apostam em discursos mais duros e operações de impacto.
Elmano e Jerônimo Rodrigues, da Bahia, passaram a adotar o lema de “tolerância zero” e a comemorar publicamente resultados de ações policiais, inclusive as que terminam com mortes de criminosos. A intenção é mostrar força e responder à percepção de fragilidade do governo federal após a operação do Rio, que deixou 121 mortos e reacendeu o debate sobre segurança.
Essa mudança pode ser vista como um “bukelização” da política de segurança brasileira, até entre petistas. O termo faz referência ao presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que ganhou popularidade ao adotar uma retórica de combate total às gangues. Bukele promoveu encarceramento em massa de suspeitos.
Elmano e Jerônimo buscam o mesmo simbolismo de autoridade. A estratégia combina operações ostensivas, linguagem de confronto e celebração de resultados.
A “bukelização” do discurso busca capitalizar o medo da criminalidade e disputar com a direita o protagonismo no tema. O presidente do PT, Edinho Silva, afirmou que o partido “errou ao não enfrentar o debate da segurança pública” e que o assunto será prioridade no programa de 2026.
Na Bahia, Jerônimo tenta equilibrar repressão e prevenção. O governo investe em viaturas, câmeras corporais e novos batalhões, sem abandonar programas sociais como o Bahia pela Paz. Ele afirma que “bandido bom é bandido preso, entregue à Justiça e punido conforme a lei”.
Pesquisas do Instituto Paraná Pesquisas mostram que 45,8% dos brasileiros acreditam que a segurança piorou desde o início do governo Lula. No Nordeste, 39,9% compartilham essa percepção. Os dados pressionam governadores a demonstrar resultados rápidos.
Governadores de direita criaram o “Consórcio da Paz” para coordenar ações de segurança e disputar espaço político. A iniciativa reforçou a decisão dos governadores petistas de intensificar operações e assumir o discurso da lei e da ordem.
Com a Operação Freedom, Bahia e Ceará se tornaram vitrine de uma nova estratégia. Se os índices de criminalidade caírem e o discurso de firmeza for bem recebido, os dois estados poderão definir o tom da campanha de 2026 e a nova face da segurança petista brasileira.
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Comentários (2)
Antonio Carlos
05.11.2025 16:23Foi tudo combinado com cv. Semana passada PMCE matou 7 do CV-CE. Agora e entregam para 2 givernoscdo pt
JUAREZ BORGES
04.11.2025 17:52A operação na Bahia e no Ceará foram tímidas, operação pra inglês ver, não querem perder os eleitores, ficam só no discurso.