A Frente Parlamentar Evangélica (FPE) impugnou o edital das eleições previstas para a próxima quarta-feira,11, em resposta a recursos apresentados pelos deputados Gilberto Nascimento (PSD-MG) e Greyce Elias (Avante-MG).

O pano de fundo para esse impasse é a disputa de espaço entre deputados abertos ao diálogo com governo Lula e deputados da base bolsonarista.

O clima mudou nos bastidores desde que o presidente Silas Câmara (Republicanos-AM) começou a aparecer em fotos ao lado de integrantes do Planalto e a convidar o chefe da Advocacia-Geral da União,Jorge Messias, para eventos que antes eram território exclusivo dos aliados do ex-presidente Bolsonaro.

O Antagonista apurou que membros da Frente Parlamentar já davam por certa vitória de Otoni de Paula (MDB-RJ), até o fim da última semana. O deputado carioca também garantiu o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

Durante um encontro em seu gabinete, em Goiânia, Caiado elogiou o parlamentar, afirmando que ele dá “aula de política” na tribuna da Câmara. O governador expressou a confiança de que Otoni será o “próximo presidente” do colegiado.

A impugnação

A vantagem de Otoni, que figurou em oração ao lado do presidente Lula, em outubro deste ano, teria provocado a reação de deputados ligados ao bolsonarismo, o que resultou no adiamento do pleito.

“Foram apresentadas impugnações ao edital pelos senhores Deputado Gilberto Nascimento e Deputada Greyce Elias, alegando discordâncias com vários pontos do edital,o objetivo desta presidência que por estatuto tem mandato até fevereiro de 2025,era dar ao próximo presidente a condução dos trabalhos já a partir da próxima Santa Ceia, dia 11/12 de 2024, mas, observando os argumentos e para que não se tenha recursos jurídicos nem exposição de nosso comportamento, acima de tudo como corpo de Cristo e unidade, tomo a decisão abaixo conforme impugnações”, detalhou o atual presidente do colegiado Silas Câmara.

O documento ainda reforça que as eleições estão “impugnadas” até que “sejam feitas as
adequações necessárias, conforme disposto no Estatuto da FPE”.

Os candidatos teriam levantado dúvidas sobre a antecipação da data das eleições e o método de apuração dos votos.

Otoni virou petista ?

Em entrevista a O Antagonista, Otoni de Paula afirmou que há um “grupo minoritário” tentando criar a narrativa de que ele, ex-vice-líder do governo Bolsonaro, teria se convertido em um deputado governista.

“A FPE não está rachada. O que existe é um grupo minoritário, que quer convencer os demais de que agora eu virei petista, porque orei pelo presidente da República e reconheci que as políticas sociais do governo alcançam nosso povo. Continuo sendo um político conservador de direita, mas aprendi que política se faz com diálogo”, afirmou.

Puxadinho de Bolsonaro

Segundo Otoni, o grupo que pressiona para que ele não ganhe a eleição pretende fazer da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) um “puxadinho do Bolsonarismo”.

“Querem fazer da FPE um puxadinho do bolsonarismo. A FPE é maior que a polarização. Ela não tem que atender a interesses nem de Lula ou de Bolsonaro”.