Crusoé: Ninguém larga a emenda de ninguém
Eleições na presidência da Câmara e do Senado demonstram que partidos de esquerda e direita estão lado a lado quando os interesses são os mesmos
Pela primeira vez, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal caminham para terem candidatos únicos na disputa pelas presidências das duas Casas. Na primeira, Hugo Motta, líder do Republicanos, amealhou apoio tanto de partidos de esquerda como o PT, PSB e PDT quanto de direita, quanto o PL, PP e (quase certo) União Brasil. No do Senado, a Davi Alcolumbre (União) reuniu PT, PL, PP, União e PSD no mesmo barco.
A antecipação da definição das Mesas Diretoras mostra que a classe política entendeu ser melhor deixar de lado as disputas políticas e ideológicas, defendendo os valores de seus eleitores, em prol de uma paz coletiva que beneficia a todos os que detêm mandatos em Brasília.
Esse modo de encarar o trabalho no Congresso tem muito a ver com a ascensão do Centrão.
Na cartilha do Centrão, os presidentes das duas Casas devem ser poderosos e saber negociar com todos do começo ao fim do mandato. Nesse método, todos os que aderem são beneficiados, sem prejuízo de ninguém.
Um exemplo costumeiramente citado pelos parlamentares para defender a necessidade de presidentes poderosos é a eleição da Mesa Diretora da Câmara, em 2005.
A disputa terminou com a eleição de Severino Cavalcante, do PP. Mesmo sem o suporte do seu partido, ele desbancou a candidatura governista de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) após um racha interno no partido do presidente Lula.
Sem um acordo dentro do PT (além de Greenhalgh, Virgílio Guimarães também disputou o posto), o azarão Cavalcante conquistou a cadeira mais importante da Câmara.
A gestão de Cavalcante, contudo, foi marcada por escândalos – sendo o mais notório deles o mensalinho do restaurante da Câmara. O deputado foi acusado de cobrar 10 mil reais por mês de Sebastião Buani, o então dono do estabelecimento. Em setembro daquele ano, Severino foi obrigado a renunciar ao cargo e ao mandato.
Esse episódio é frequentemente usado pelos parlamentares como…
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