CPI do Banco Master não vai sair do papel?
Embora tenha assinaturas suficientes para ser instalada, a comissão enfrenta forte resistência no Senado Federal

Embora tenha assinaturas suficientes para ser instalada, a CPI do Banco Master enfrenta forte resistência no Senado Federal.
“O lobby contra a CPI está pesado nos bastidores. Boa parte dos senadores não vai se vender, mas evidentemente que tem gente que tem preço”, afirmou o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) ao Globo.
Segundo o jornal, parlamentares da base governista e da oposição articulam nos bastidores contra a instalação da comissão que promete investigar a compra do Master pelo BRB, banco estatal de Brasília.
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Ciro Nogueira e o banco Master
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) é apontado como o principal nome contrário à CPI do Banco Master no Senado.
Segundo o jornal, essa não é a primeira vez que o ex-ministro da Casa Civil atua de acordo com os interesses do banco de Daniel Vorcaro.
Em 2024, ele tentou emplacar uma alteração conhecida como “emenda Master” na PEC que garante a autonomia financeira do Banco Central.
O texto, que foi rejeitado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, aumentava a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para aplicações financeiras como o CDB, principal produto do Master, de 250 mil reais para 1 milhão de reais.
A CPI
Capitaneada pelo senador Izalci Lucas (PL-DF), a CPI do Banco Master reuniu até quarta-feira, 23, 28 assinaturas.
O número é mais do que o mínimo necessário para solicitar a instalação da comissão.
No requerimento, Izalci diz que a aquisição pelo BRB “levanta preocupações sobre o uso inadequado de recursos públicos para resgatar uma instituição privada em dificuldades”.
O objetivo da comissão é investigar detalhadamente os balanços do Master e os termos da negociação com o BRB, “buscando identificar omissões específicas e avaliar a adequação das normas vigentes”.
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Encrenca Master
O banco de Daniel Vorcaro passou quatro anos captando dinheiro de milhões de brasileiros oferecendo juros irreais e usando os valores em operações suspeitas ou extremamente arriscadas.
Para agentes experientes do mercado financeiro que acompanharam o movimento desde o início, era evidente que a coisa nunca daria certo.
Mesmo assim, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central fizeram vista grossa.
Agora que a conta chegou, uma vez que a instituição não tem caixa para pagar de volta o que pegou emprestado dos brasileiros, o Banco Master articula para conseguir uma solução mágica, com a ajuda de seus padrinhos políticos.
O Banco Master já se aproximou de gente graúda em Brasília, como Guido Mantega (“o mago das pedaladas fiscais” de Dilma Rousseff), o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e atual ministro da Justiça Ricardo Lewandowski, além dos senadores Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União).
A empresa ainda contratou o escritório de Viviane Barci, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes.
E tudo ainda pode ser resolvido sem que o principal responsável pela encrenca master, Daniel Vorcaro, sofra um único arranhão.
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