Brasil pode usar ‘Portugal socialista’ na relação com a Europa, diz pesquisador
"O grande equívoco do Brasil é não usar Portugal mais eficientemente no seu relacionamento tanto com a Europa quanto com as organizações internacionais". A avaliação é de Marcus Vinícius de Freitas, professor visitante da Universidade de Relações Exteriores da China...
“O grande equívoco do Brasil é não usar Portugal mais eficientemente no seu relacionamento, tanto com a Europa quanto com as organizações internacionais”. A avaliação é de Marcus Vinícius de Freitas, professor visitante da Universidade de Relações Exteriores da China.
Em entrevista a O Antagonista, Freitas comentou a recente eleição em Portugal, realizada neste domingo (30).
O primeiro-ministro António Costa, do Partido Socialista (PS), não apenas foi reeleito, como conquistou uma inesperada maioria absoluta no Parlamento. Desse modo, seu partido poderá governar sozinho, sem precisar manter a coalizão com outros partidos que ficou conhecida como “geringonça”.
“Muita gente em Portugal acordou assustada”, disse o professor. “Porque nas últimas vezes em que o PS teve maioria o país terminou em uma situação econômica complicada e difícil”.
A vitória dos socialistas, diz Freitas, terá dois impactos imediatos. Primeiro, é quase certo que será aprovado o orçamento – foi justamente por causa da rejeição do orçamento, em outubro, que o presidente Marcelo Rebelo (foto) convocou uma eleição antecipada.
Em segundo lugar, o governo do Partido Socialista poderá decidir sozinho o que fazer com recursos da União Europeia destinados ao combate à pandemia – “não terá necessariamente de ouvir os outros partidos”.
Para Freitas, a vitória dos socialistas se explica porque os “portugueses entendem que em um momento de crise é necessário continuidade”. Além disso, o governo de Portugal é um dos que melhor lidou com a questão da pandemia.
Pelos dados do Centro de Controle de Doenças Europeu, Portugal é hoje líder em vacinação, com 83% da população com a vacinação primária, contra 76% vizinha Espanha.
Segundo a Johns Hopkins, Portugal teve 193 mortes por Covid por 100 mil habitantes, índice inferior a países como França, Espanha, Grécia, Reino Unido e Itália. No Brasil, já são 297 mortes por 100 mi habitantes.
“A reeleição de António Costa vem numa tendência de que países que lidaram bem com a pandemia tendem a reeleger governos. E países que não lidaram bem com a pandemia têm apresentado uma tendência de trocar governos”, acrescentou o pesquisador.
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