Braga Netto procurou pai de Cid para obter dados sigilosos, diz PF
Segundo decisão de Moraes, novos depoimentos de Cid revelaram que o general tentou “embaraçar as investigações”
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão preventiva do general Walter Braga Netto, apontando que o militar tentou obter informações sigilosas relacionadas ao acordo de delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Segundo a decisão de Moraes, novos depoimentos de Cid à Polícia Federal revelaram que Braga Netto tentou “embaraçar as investigações” e controlar as informações fornecidas por Cid para alterar os fatos apurados e alinhar versões entre os investigados.
De acordo com Moraes, a Polícia Federal apresentou provas de que o pai de Cid, Mauro Lorena Cid, entrou em contato com Braga Netto três dias depois da homologação do acordo de delação. Durante a conversa, o pai de Cid afirmou que “é tudo mentira” sobre o acordo.
A PF também apurou que informações obtidas de familiares de Cid foram repassadas a outros investigados para “tranquilizar os demais integrantes da organização criminosa de que os fatos relativos aos mesmos não estariam sendo repassados à investigação”.
As investigações indicaram que Braga Netto teve um papel de liderança, organização e financiamento dos atos investigados, além de tentar obstruir as apurações.
A prisão de Braga Netto
O ex-ministro Walter Braga Netto foi preso na manhã deste sábado, acusado de participar da suposta tentativa de golpe de Estado que visava impedir a posse de Lula.
A prisão ocorreu em sua residência, em Copacabana, no Rio de Janeiro, e ele foi levado ao Comando da 1ª Divisão do Exército.
A Polícia Federal realizou buscas em endereços relacionados ao general e também contra o coronel da reserva Flávio Peregrino, principal auxiliar de Braga Netto.
Peregrino é alvo de uma cautelar diversa de prisão, e todos os envolvidos são suspeitos de obstrução de justiça. A operação foi autorizada por Moraes, com o aval da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Dinheiro em sacolas
Mauro Cid, em seus depoimentos, revelou que Braga Netto teria entregue dinheiro vivo a militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”, em embalagens de vinho, para garantir o apoio de membros das Forças Armadas no plano de golpe.
A defesa de Braga Netto negou qualquer envolvimento com o suposto golpe e afirmou que o general desconhecia os detalhes do plano.
A prisão foi solicitada após uma série de investigações que remontam a setembro de 2023, quando Cid firmou seu acordo de colaboração premiada.
A PF também apreendeu documentos que indicam tentativas de manipulação das investigações, incluindo um manuscrito encontrado no PL, escrito por Flávio Peregrino, com pontos relacionados ao depoimento de Cid.
O Exército Brasileiro afirmou em nota que acompanha as diligências ordenadas pela Justiça, sem se manifestar sobre o conteúdo das investigações.
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