Bolsonaro: “EUA são último país em que golpista enviaria dinheiro”
Polícia Federal afirmou ter encontrado elementos que indicam que ex-presidente enviou 800.000 reais ao exterior; Bolsonaro confirmou
Jair Bolsonaro (PL; foto) confirmou ter enviado 800 mil reais a um banco nos Estados Unidos, mas negou que seria para evitar persecução penal, como estimou a Polícia Federal (PF) em relatório divulgado nesta quinta-feira, 15 de fevereiro.
“O último país do mundo onde um golpista, ditador, enviaria recursos seriam os Estados Unidos, porque é um país democrata que respeita tratados. Esses recursos seriam imediatamente bloqueados”, afirmou Bolsonaro em vídeo compartilhado nas redes sociais.
O ex-presidente também confirmou detalhes da operação. Ele afirmou ter transferido o montante de sua conta poupança no Banco do Brasil para uma conta no BB Americas, filial do BB nos Estados Unidos.
O que disse a PF?
A Polícia Federal afirmou ter encontrado elementos que indicam que Jair Bolsonaro (PL) enviou dinheiro no exterior para bancar suas despesas enquanto aguardava um golpe de Estado.
Segundo os investigadores, a quebra do sigilo bancário do ex-presidente da República mostrou que ele fez uma operação de câmbio de 800 mil reais para um banco com sede nos Estados Unidos.
“Alguns investigados se evadiram do país, retirando praticamente todos seus recursos aplicados em instituições financeiras nacionais, transferindo-os para os EUA, para se resguardarem de eventual persecução penal instaurada para apurar os ilícitos”, aponta um documento da investigação revelado pelo G1.
“Evidencia-se que o então presidente Jair Bolsonaro, ao final do mandato, transferiu para os Estados Unidos todos os seus bens e recursos financeiros, ilícitos e lícitos, com a finalidade de assegurar sua permanência do exterior, possivelmente, aguardando o desfecho da tentativa de Golpe de Estado que estava em andamento”, acrescentou.
Após a transferência, Bolsonaro ficou com um saldo negativo de 111 mil reais em sua poupança. O valor, segundo a PF, foi coberto por recursos retirados de um fundo de investimentos.
Bolsonaro nos EUA
Bolsonaro deixou o Brasil rumo a Orlando, nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022. Por lá, ele participou de poucas agendas públicas, como um congresso de conservadores americanos e encontros com apoiadores.
Após 89 dias de uma espécie de autoexílio, o ex-presidente retornou ao país em 30 de março de 2023.
Operação Tempus Veritatis
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis.
Além de Bolsonaro, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e os ex-ministros Anderson Torres, Walter Braga Netto e Augusto Heleno também foram alvos da Polícia Federal.
Dois ex-assessores de Bolsonaro foram presos. São eles: Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens, e Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência.
Ao todo, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva em nove estados –Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás– e no Distrito Federal.
Bolsonaro recebeu plano de prender Moraes, Gilmar e Pacheco
O relatório que embasou a operação da PF aponta Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, e o advogado Amauri Feres Saad como autores da minuta do golpe que foi apreendida na casa do ex-ministro Anderson Torres. Segundo a PF, o documento teria sido entregue ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a PF, a primeira versão do documento teria o pedido de prisão do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do STF.
O relatório mostra que entre as alterações solicitadas por Bolsonaro estava a retirada da previsão de prisão do também ministro do STF Gilmar Mendes, embora não a de Moraes, que ainda “foi monitorado pelos investigados”.
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