As suspeitas sobre a desembargadora cunhada de Sarney
Nelma Sarney é apontada como beneficiária de 111 depósitos não identificados e teria atuado em venda de sentenças no Maranhão

Durante as investigações relacionadas à venda de sentenças no Maranhão, a Polícia Federal (PF) identificou 111 pagamentos (depósitos e/ou transferências) não identificados para a desembargadora do Tribunal de Justiça Nelma Sarney, cunhada do ex-presidente do Senado José Sarney. Os repasses, segundo a PF, ocorreram entre 2014 e 2022 e somaram 412 mil reais.
A informação consta na íntegra do inquérito da Operação 18 minutos, obtido por O Antagonista. Ainda segundo a PF, nos anos de 2015, 2020 e 2022, a desembargadora – que, segundo a PF, teria“participado ativamente na organização criminosa” – apresentou supostos gastos em cartão de crédito incompatíveis com a sua renda. Os dados foram extraídos a partir da quebra de sigilo bancário da magistrada.

O espaço está aberto para manifestações da desembargadora.
Em 2015, conforme a PF, teria tido gastos de 57 mil reais a mais do que os seus vencimentos; em 2020, os valores incompatíveis chegaram a 96 mil reais e em 2022 esse patamar foi de 506 mil reais.
“Desse modo, é possível inferir que a sua despesa com cartão de crédito pode ter sido paga com recursos de origem ilícita, o que configura modalidade de lavagem de dinheiro”, informou a PF no relatório.
A desembargadora Nelma Sarney foi uma das 23 pessoas indiciadas pela Polícia Federal no inquérito da Operação 18 minutos, que investigou a venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Maranhão.

Além de Nelma, outros dois desembargadores que atuam no Maranhão foram indiciados: Antônio Pacheco Guerreiro Junior e Luiz Gonzaga Almeida. A PF também mirou a atuação de dois juízes: Alice de Sousa Rocha e Cristiano Simas de Sousa. Até o momento, os integrantes do Tribunal não se manifestaram sobre as acusações. O espaço continua aberto.
No inquérito, a PF apontou envolvimento dos magistrados em fraudes para a liberação de alvarás judiciais que somados chegaram a 18 milhões de reais. A rede de influência também contava com advogados. Um deles, inclusive, foi deputado federal pelo Maranhão: Edilázio Júnior (PSD). O ex-parlamentar é genro de Nelma Sarney.
Segundo as investigações da PF, a cunhada de José Sarney atuou na redistribuição processual de ações de interesse da organização criminosa. Além disso, segundo a PF, houve conluio entre ela e seu genro, o ex-deputado federal Edilázio Júnior, em ações de interesse da organização criminosa.
“E possível afirmar a participação da Desa. Nelma Sarney na organização criminosa responsável por fraudar processos judiciais envolvendo o Banco do Nordeste, sob o patrocínio do escritório Maranhão Advogados e/ou a pedido do seu genro Edilázio Júnior”, informa a PF.
“Quando da sua atuação como Corregedora-Geral do TJ/MA, em 2015, a Desa. Nelma Sarney teve grande atuação na redistribuição dos processos de interesse da organização criminosa”, descreve a PF.
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Comentários (4)
Alexandre Ataliba Do Couto Resende
11.02.2025 09:59Nada de bom consegue vir de um Sarney. Impressionante....
Um_velho_na_janela
11.02.2025 09:07Desembargadora no Maranhão e cunhada do patriarca do patrimonialismo? O articulista foi muito elegante ao falar em "suspeitas"
Um_velho_na_janela
11.02.2025 09:07Desembargadora no Maranhão e cunhada do patriarca do patrimonialismo? O articulista foi muito elegante ao falar em "suspeitas"
Marcia Elizabeth Brunetti
11.02.2025 08:22Interessante ver como nossos desembargadores, juízes, ministros são pessoas confiáveis para lidar com as leis de nossa maravilhosa Constituição. Ainda mais quando são parentes de figuras públicas tão nobres quanto Sarney. Minha vontade é colocar todos na cadeia, pena que não posso.