Adivinha em quem o PT pôs a culpa pelos próprios erros desta vez
Faria Lima, "extrema-direita", empresários, bilionários, "super-ricos", Roberto Campos Neto, Operação Lava Jato, Jair Bolsonaro, Michel Temer, Paulo Guedes...
O Partido dos Trabalhadores (PT) publicou na noite de sábado, 7, a resolução de seu Diretório Nacional. Além de celebrar alegadas glórias do governo Lula (foto), os petistas distribuem em colos alheios a culpa por tudo o que não funciona na gestão do presidente.
Estão lá todos os vilões habituais: Faria Lima, “extrema-direita”, empresários, bilionários, “super-ricos”, Roberto Campos Neto, Operação Lava Jato, Jair Bolsonaro, Michel Temer, Paulo Guedes…
“Entre 2016 e 2022, sob Temer e Bolsonaro, o mercado de trabalho brasileiro foi devastado por políticas que desmantelaram garantias e direitos básicos e intensificaram as desigualdades. A reforma trabalhista de 2017, apresentada por Temer como uma solução para a criação de empregos, fracassou, resultando em um aumento do desemprego para 11,7% ao final de seu governo”, dizem os petistas, que agora colhem os frutos de um mercado de trabalho menos caótico, graças à reforma criticada.
“Viés político-partidário”
Para eles, “o cenário só não é mais promissor devido à sabotagem deliberada do Banco Central de Roberto Campos Neto, que comanda a autarquia com viés político-partidário”.
Nesse caso, os petistas omitem que quatro dos oito diretores do Banco Central foram indicados por Lula e que todos têm votado unanimemente com Campos Neto nas reuniões sobre a taxa básica de juros, inclusive Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, um dos indicados por Lula.
A resolução também diz que “a sociedade civil precisa manter-se vigilante e enfrentar as artimanhas da Faria Lima que visam minar conquistas econômicas e sociais por meio da especulação”.
É uma tentativa de empurrar para o mercado financeiro a responsabilidade pelas altas históricas do dólar, provocadas pela irresponsabilidade fiscal do governo.
Empresários e bilionários
Também sobrou para os empresários:
“Todos devem contribuir para um sistema mais equitativo e que garanta equilíbrio fiscal, inclusive os grandes grupos beneficiados por isenções fiscais que chegam a R$ 546 bilhões em 2024. As empresas aparecem em uma lista divulgada pelo Ministério da Fazenda, deixando evidente que, invariavelmente, os mesmos que exigem cortes de investimentos sociais são os que usufruem do não pagamento de impostos, notadamente grupos ligados ao agronegócio, entre outros setores beneficiados pelo Estado”.
E para os bilionários:
“Ainda há, no entanto, um caminho a ser percorrido para concluir a reforma da renda, alcançando também os bilionários/ A taxação do patrimônio dos super-ricos, que existe nas maiores economias do mundo, deve ser central nas articulações do governo em 2025. É um anseio antigo da sociedade brasileira, que está cansada de ver os herdeiros dos donos do poder sugarem as riquezas do país sem pagar sua justa contribuição”.
A Lava Jato ainda dói
Apesar de não admitir a humilhação na eleições municipais deste ano, a resolução do Diretório Nacional do PT a atribuiu ao desgaste imposto pela Operação Lava Jato:
“No campo da disputa eleitoral, o PT segue recuperando seu prestígio e a sua presença efetiva no território, que foi duramente afetada pela tentativa de destruição do partido promovido pela farsa da Lava Jato, com a prisão absurda de Lula, e pela sistemática campanha de desmoralização produzida pela mídia conservadora.”
“Poderíamos ter avançado bem mais? Sem dúvida”, refletem os petistas, mas apenas para distribuir mais culpas: “A conjuntura mostrou-se, entretanto, excessivamente desfavorável, não apenas pela capilaridade da extrema direita nas redes, sempre abastecidas por fundos de milhões de reais e dólares em infraestrutura”.
Segundo eles, “a violência política bateu recorde nas eleições e o PT nunca deixou de ser o alvo da vez”. “O crime organizado expandiu seus tentáculos a ponto de, nestas eleições, ter colocado candidatos competitivos em cidades vitais como São Paulo”, reclamam.
Orçamento secreto
O PT reclama ainda que “inúmeras realizações da administração Lula foram eclipsadas pelo orçamento secreto, que levou o pacto federativo ao limite do absurdo e segue desafiando o modelo de presidencialismo vigente”.
“Soma-se a isto as distorções no orçamento público herdadas do governo Bolsonaro, com destaque para o crescimento desproporcional para R$ 50 bilhões em emendas parlamentares, com parte delas sendo impositivas, criando um enforcamento na parte discricionária do orçamento”, diz a resolução.
Enfim, como se diz por aí, essas culpas são todas do PT e ele as coloca em quem quiser.
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