A caixa-preta (II)
O depoimento de Pedro Barusco aos investigadores da Lava Jato tinha uma frase sobre o tesoureiro do PT que não fazia muito sentido. A partir de agora, isso deve mudar. Pedro Barusco disse que procurou João Vaccari Neto porque sabia de sua boa relação com o grupo Schahin. Qual relação? Por que? Desde quando? O documento do Banco Central que questiona os empréstimos suspeitos do banco Schahin pode fornecer uma resposta a essas perguntas.
O depoimento de Pedro Barusco aos investigadores da Lava Jato tinha uma frase sobre o tesoureiro do PT que não fazia muito sentido. A partir de agora, isso deve mudar.
Pedro Barusco disse que procurou João Vaccari Neto porque sabia de sua boa relação com o grupo Schahin. Qual relação? Por que? Desde quando?
O documento do Banco Central que questiona os empréstimos suspeitos do banco Schahin pode fornecer uma resposta a essas perguntas.
Entre 2002 e 2005, o banco Schahin fez dez empréstimos irregulares às empresas Cliba e Dados Empreendimentos, num total de 48,8 milhões de reais. O dono dessas empresas era Romero Teixeira Niquini, que se tornou sócio do concunhado de Ronan Maria Pinto, de Santo André, e faturou uma fortuna em contratos com as prefeituras do PT.
A Folha de S. Paulo, em 2002, publicou a seguinte reportagem sobre ele, já então desconfiando que se tratasse da principal fonte pagadora do petismo:
“O empresário de transportes Romero Teixeira Niquini herdou, em seis meses, quase R$ 70 milhões em contratos para serviços de limpeza em duas capitais administradas pelo PT. O presidente de empresas de seu grupo é Willian Ali Chaim, ex-tesoureiro da campanha a deputado federal de Rui Falcão, secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo, e ex-assessor do presidente nacional do PT, deputado José Dirceu. Os contratos de Niquini com as prefeituras petistas estão sob a mira do Ministério Público e de vereadores, que desconfiam de um suposto beneficiamento a empresas de lixo e de transporte. O promotor Fernando Capez acredita que “há claramente um esquema para beneficiar essas empresas nos municípios administrados pelo partido”.
A Folha de S. Paulo publicou também, no mesmo período, uma reportagem sobre o crescimento de suas empresas de ônibus nas prefeituras petistas de Santo André e São Paulo:
“Romero Teixeira Niquini substituiu Baltazar José de Souza, de quem comprou a Viação Iguatemi – cujo nome foi alterado para Expresso Urbano São Judas Tadeu. A empresa tinha como sócios o próprio Baltazar, concunhado de Ronan Maria Pinto, e Ozias Vaz, sócio de Ronan. Em agosto de 1999, Niquini comprou outra empresa de Baltazar, a Viação Santo Expedito, por R$ 1,8 milhão. Com as aquisições, ele passou a ser o segundo maior empresário de ônibus na cidade, com 900 veículos – cerca de 10% da frota paulistana”.
As suspeitas de pagamento de propina ao PT por parte de empresas de transporte e limpeza – e que dizem respeito tanto à campanha de Lula, em 2002, quanto ao assassinato de Celso Daniel – nunca foram provadas judicialmente porque ninguém conhecia o caminho do dinheiro. Agora a Lava Jato pode resolver o enigma, a partir do documento do Banco Central.
As relações entre o grupo Schahin e o PT não são apenas boas – elas são uma chave para abrir a caixa-preta do partido.
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