Sobrou para Collor

16.05.2025

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O Antagonista

Sobrou para Collor

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Rodolfo Borges
3 minutos de leitura 26.04.2025 12:44 comentários
Análise

Sobrou para Collor

Prisão do ex-presidente é a condenação que confirma a regra da impunidade após o desmantelamento da Operação Lava Jato

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Rodolfo Borges
3 minutos de leitura 26.04.2025 12:44 comentários 6
Sobrou para Collor
Foto: Reprodução/ X

Quem enxerga na prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello um avanço no combate à corrupção no Brasil não está acompanhando o filme direito.

Depois de todas as anulações da Operação Lava Jato, que permitiram que outro ex-presidente presidente preso voltasse a comandar o Palácio do Planalto, o que fica sugerido pela detenção de Collor é que só vai para a cadeia — e permanece nela — quem não tem aliados o bastante.

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, acrescentou um suspense ao caso de Collor, ao empurrar o processo que ia confirmando sua ordem de prisão, dada por Alexandre de Moraes, para o plenário do tribunal.

O ministro mudou de ideia horas depois, contudo, e retirou seu pedido de destaque neste sábado, 26, alegando “a excepcional urgência caracterizada no presente caso”. A votação, que já tem maioria de seis votos para manter a prisão, deve ser reaberta e encerrada na segunda-feira, 28.

“Leitura política”

No caso de Lula, Gilmar revelou que o STF reviu a prisão após segunda instância — que permitiu ao petista deixar a cadeira em 2019, antes mesmo de suas condenações serem anuladas — depois de uma “leitura política”. A prisão de Collor parecia se encaminhar pelo mesmo rumo — e pode ser que ainda vá.

Politicamente, pega mal para o decano do STF condenar alguém como consequência da Lava Jato, descrita por Gilmar como uma organização criminosa. Aliás, a prisão de Collor pega mal política, jurídica e moralmente, não apenas para o decano, mas para todo o STF.

Porque a prisão do ex-presidente é a condenação que confirma a regra da impunidade após o desmantelamento da Lava Jato. As condenações recentes de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, e de Ollanta Humala e Nadine Heredia, ex-presidente e ex-primeira-dama do Peru, respectivamente, também têm esse aspecto de esgoto voltando pelo ralo.

Torcida contra a Lava Jato

O asilo diplomático concedido a Nadine pelo governo Lula foi a cereja desse bolo fétido. cuja base são fatos incômodos e incontestáveis, que insistem em se impor apesar de terem sido apagados judicialmente.

Leia mais: Os elos de Lula, Odebrecht e Nadine, a condenada asilada no Brasil

Diante de contrastes tão gritantes, muita gente diz agora — e só agora de forma clara e direta — o que O Antagonista vem dizendo de forma insistente desde o início do processo de desmantelamento da Lava Jato, a primeira operação de combate à corrupção que caiu no Brasil com torcida popular.

A parcela dos brasileiros que se iludiu com o discurso de que Lula foi perseguido teve nesta semana mais uma oportunidade para entender o que de fato ocorreu: que o petista foi usado como escudo para proteger a classe política, e que o país perdeu uma oportunidade de se reorganizar moralmente.

Oportunidade

É tarde demais para resgatar a Lava Jato do ponto de vista formal, mas não do ponto de vista moral. Essa força moral, aliás, nunca foi perdida pela operação, como atestou Crusoé.

Resta torcer para que a lição sobre essa oportunidade perdida pelo Brasil sirva para a próxima chance que aparecer.

Leia mais: Moro rebate narrativa sobre “diferença” entre Collor e outros casos da Lava Jato

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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Comentários (6)

FRANCISCO JUNIOR

27.04.2025 12:32

No caso da Lava Jato, eu prefiro que o STF acerte 1% (caso Collor) do que zero % (como tem feito).


José Marques Castello Branco

26.04.2025 18:21

Fiquem calmos, sem essa de "Strass" pois o CAMINHÃO-BOIADEIRO DA PRF continua a toda carga buscando os RUMINANTES REMANESCENTES p/ levar os indigitados individuos ao CERCADINHO DA PAPUDA onde muito em breve estará chegando o ilustre EX-CROTO, idolo das multidões desiludidas, phudidas e sem sequer serem pagas, enfim : CHAPÉU DE PATRIÓTARIO É MARRETA !!!


MARCOS

26.04.2025 17:54

COLLOR É O BOI DE PIRANHA DA VEZ.


Sandra

26.04.2025 13:54

Essa prisão do Collor não deveria servir de jurisprudência pra devolver o nine pra cadeia?


Fabio B

26.04.2025 13:21

A Lava Jato já vinha sendo sabotada pela PF a mando do Bolsonaro desde o início do seu governo, e no STF o apoio era por um triz, 6x5. Quando o Marco Aurélio Mello se aposentou, um dos últimos pró-Lava Jato, o Bolsonaro então, a pedido de Toffoli e Gilmar Mendes, colocou esse André Mendonça no lugar. O placar virou completamente pro fim... Pois o resultado de um garantista, inimigo da operação foi que começaram a desfazer tudo. Enquanto o Bolsonaro paralisava a Lava Jato para blindar corruptos, o STF anulava os efeitos do passado. E realmente, a situação do Collor é bem estranha... Esqueceram da impunidade dele? Talvez tenha sobrado para ele por ter apoiado o Bolsonaro na eleição passada, ou talvez esteja sendo usado agora pelo Xandão como uma espécie de recado, de que ele prende qualquer ex-presidente e que o Bolsonaro nem será o primeiro.


Marcia Elizabeth Brunetti

26.04.2025 13:06

Não me canso de dizer: que saudades da LAVA-JATO. E, olhe que não é só pelos culpados , mas o que se vê hoje com um STF sem escrúpulos.


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