Só sobrou Galípolo
Presidente do Banco Central indicado por Lula é o único que se salva na avaliação dos agentes do mercado sobre o governo. E olhe lá

O Antagonista já vem dizendo há semanas o que a pesquisa Genial/Quaest indicou nesta quarta-feira, 19: o governo Lula abandonou Gabriel Galípolo (ao centro na foto) no front contra a inflação, apesar de o presidente ter eleito o combate aos preços dos alimentos como sua principal batalha para 2025.
O presidente do Banco Central indicado por Lula é o único que se salva na avaliação dos agentes do mercado financeiro consultados na pesquisa que avalia a qualidade do governo. E olhe lá.
Questionados sobre como avaliam o presidente do BC, 45% dos entrevistados afirmaram que a atuação de Galípolo é positiva; 41%, regular; e 8%, negativa. Outros 6% não souberam responder.
Nem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nem Lula, nem Gleisi Hoffmann, nova articuladora do governo no Congresso Nacional, gozam de tanto prestígio.
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Acabou o escudo
Mas 58% dos 106 gestores ouvidos pela Genial/Quaest disseram que ainda “é muito cedo para avaliar” a gestão de Galípolo. Isso se explica pelo escudo que o presidente do BC herdou de seu antecessor, Roberto Campos Neto.
Na última reunião presidida por Campos Neto, que foi usado por Lula como vilão nos dois primeiros anos do governo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC previu, para cada uma as duas primeiras reuniões de 2025, a elevação da taxa básica de juros em um ponto percentual.
A primeira elevação foi confirmada em 29 de janeiro, e creditada pelos petistas a Campos Neto, apesar de tanto ele quanto Galípolo terem afirmado, em dezembro, que foi o indicado por Lula que liderou a decisão de projetar os dois aumentos.
A segunda elevação de um ponto percentual, que eleva a Selic a 14,25% ao ano, ocorre nesta quarta.
Pode ser que os petistas venham a atribui-la de novo à “herança maldita” de Campos Neto, mas eles não poderão fazer o mesmo sobre as perspectivas que o Copom indicará a partir desta semana para a taxa básica de juros.
Sombra
A gestão de Galípolo começou sob a sombra da irresponsabilidade fiscal de Lula — ele fará as vontades do presidente ou aquilo que precisa ser feito? —, mas estava blindada até agora pelo que foi projetado por ele e Campos Neto em dezembro.
Lula já mudou o discurso em relação ao BC, ao dizer que a instituição “não pode dar um cavalo de pau num mar revolto, de uma hora para outra”. Mas já deixou claro também que não pretende ajudar seu indicado a controlar a inflação, apesar de discursar em nome disso e simular esforço.
O governo apresentou na terça-feira, 18, um projeto no qual calcula abrir mão de pelo menos 27 bilhões de reais em 2026, ao isentar de pagar imposto de renda quem recebe até 5 mil reais de salário, sem apresentar qualquer contrapartida de arrecadação ou economia de gastos.
Isso sem ter sequer conseguido aprovar o Orçamento para 2025, no qual não cabem todas as promessas feitas pelo petista, que está desesperado em busca de recuperar a popularidade perdida.
É nesse cenário que Galípolo começa a navegar o Banco Central.
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Comentários (2)
Gentil Peres Dal Ri
19.03.2025 14:44Quando o Lula irá atribuir ao Galipolo a alta dos juros ou só valia para o indicado pelo Bolsonaro ???
Clayton De Souza pontes
19.03.2025 14:16Os movimentos do governo são para aumento de gastos e políticas populistas e assistencialistas. Nada de melhoria da gestão ou redução de gastos. Garantia de inflação e de busca por novos culpados para esse descalabro administrativo