Rodrigo Faro e a “maldição da Record”
Rodrigo Faro, um dos apresentadores mais importantes da Record nos últimos 16 anos, está oficialmente de saída. Para onde ele vai?
Rodrigo Faro, um dos apresentadores mais importantes da Record nos últimos 16 anos, está oficialmente de saída da emissora.
O anúncio, que marca o fim de uma longa parceria, reflete não só mudanças estratégicas na programação da Record, mas também os desafios enfrentados por ele em manter sua relevância em um segmento muito competitivo.
Faro, que chegou à Record em 2008 e rapidamente se tornou um pilar dos domingos, vinha enfrentando quedas consistentes de audiência, especialmente contra rivais, como Eliana e Celso Portiolli, do SBT, e Luciano Huck, da Globo.
Gugu
Ele ainda passou por uma situação controversa num episódio de 2019, quando, durante uma homenagem ao recém-falecido Gugu Liberato, foi flagrado perguntando sobre os números de audiência enquanto um vídeo estava no ar, sem aparentar a emoção que exibiu para as câmeras instantes antes.
O momento repercutiu negativamente, alimentando críticas e prejudicando sua imagem. Desde então, o apresentador passou a lutar para reconquistar o público e renovar sua marca, mas os índices de audiência do Hora do Faro continuaram a cair, com frequentes derrotas para o SBT e outras emissoras
A saída de Faro ocorre em meio a uma reestruturação significativa na Record, que inclui cortes na equipe e mudanças na grade dominical. O espaço hoje ocupado pelo Hora do Faro será preenchido, em grande parte, por transmissões de futebol e novos programas comandados por apresentadores contratados da Globo, como Felipe Andreoli e Rafa Brites.
Sabático?
Para Faro, as perspectivas incluem possíveis projetos por temporada ou mesmo um período sabático em 2025.
A transição, no entanto, levanta uma questão importante: qual será o próximo passo de Rodrigo Faro? O mercado de TV é sabidamente difícil para apresentadores em busca de reinvenção, e Faro não será o primeiro a enfrentar esse desafio.
A história recente mostra que a saída da Record não garante, necessariamente, um sucesso contínuo na carreira.
Histórico
Xuxa, contratada com grande alarde pela Record em 2015, é um exemplo. Depois de uma passagem de altos e baixos na emissora, Xuxa deixou a casa sem conseguir repetir os números de audiência de seus tempos de Globo.
Sua tentativa de renovar o formato de seus programas encontrou limitações em um público mais segmentado e em uma grade com menos alcance nacional.
Outro caso famoso é o de Britto Jr., que comandou o Hoje em Dia e a versão brasileira de A Fazenda durante vários anos. Após deixar a Record, ele se afastou da televisão e passou a criticar abertamente os bastidores do meio.
Márcio Garcia
O mesmo ocorreu com Márcio Garcia, que, antes de retornar à Globo, enfrentou um período de incertezas profissionais após deixar a Record (ironicamente, foi substituído justamente por Faro na apresentação de O Melhor do Brasil).
Sabrina Sato também migrou para a Globo, mas até agora não conseguiu consolidar um espaço tão firme quanto tinha na Record, e ambos são talentosos e comercialmente interessantes.
Luciano Faccioli e por sua vez, transitou entre jornalismo e entretenimento, mas nunca mais conseguiu repetir o impacto de seus anos iniciais.
“A maldição da Record”
Esses exemplos revelam o que alguns chamam informalmente de “a maldição da Record”. Isto é, o enorme desafio de se manter relevante após deixar a emissora, que segundo dizem, historicamente aposta em contratos longos e grande controle sobre as marcas de seus apresentadores.
Mas não creio que a tal maldição exista, já que nem todos que saem de lá sofrem da TV. Exemplos? Eliana foi para o SBT, onde teve muito sucesso e está prestes a ter seu programa na Rede Globo.
E há outros ex-Record que foram para a concorrência nas últimas décadas e seguem fazendo sucesso em suas novas casas, como Ratinho (SBT), Ana Maria Braga, Marcos Mion (os dois na Globo) e mesmo Edu Guedes e Geraldo Luís, ambos dentro da realidade da RedeTV.
A saída de Rodrigo Faro, portanto, representa um momento importante para a Record, mas sobretudo para ele, que deixa uma emissora que lhe garantiu anos de destaque e agora enfrenta o desafio de encontrar um novo nicho num cenário televisivo que enfrenta demissões, corte de custos e concorrência dura da internet e streamings.
Quem sabe, assim como José Luís Datena na semana passada, o apresentador não anuncia, antes do que todos imagina, que está de casa nova, no SBT? Afinal espaço para ele há, desde que perderam Eliana recentemente e Rodrigo já foi até o Silvio Santos no cinema.
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