O governo Lula e o fim da “frente ampla”
Ao nomear Guilherme Boulos ministro, presidente dá sinais de que ficará cada vez mais isolado nessa reta final de governo

O presidente Lula resolveu, definitivamente, acabar com a chamada “Frente Ampla” que ajudou a elegê-lo em 2022. Mas isso não significa, necessariamente, que o petista vai dar uma guinada total rumo ao extremo da esquerda. Longe disso. Lula apenas não acredita, nem pretende contar mais com votos (tanto na Câmara quanto no Senado) ou o apoio de partidos do Centrão nesse final de mandato.
Em 2022, Lula conseguiu atrair o Centrão para o seu palanque com a justificativa de que ele era o nome perfeito para combater o bolsonarismo. Caciques de siglas como MDB, PSD, entre outros, entraram na onda. Não por acreditar que Lula personificava alguma candura democrática. Mas sim pelo fato de que, em teoria, seria mais fácil negociar algum tipo de espaço no governo petista.
Pois bem, o tempo passou e Lula dividiu apenas parte da Esplanada dos Ministérios com integrantes do Centrão. Em 2025, imaginava-se que o petista iria ampliar o leque de alianças, inclusive com siglas que estava com um pé na canoa do bolsonarismo, como o PP de Ciro Nogueira. Ledo engano. Está cada vez mais claro que Lula vai usar a reta final de mandato para governar para os seus e apenas com os seus.
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Na semana que vem, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) deve ser anunciado como o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, no lugar de Márcio Macedo. A ideia de Lula é estreitar a relação dele – presidente da República – com os movimentos sociais. Dar uma chacoalhada na militância. O petista acredita que Boulos seria o nome ideal para reaproximar o governo das entidades de classe que, nos governos Lula 1 e 2, deram tanto suporte ao petista.
Boulos não consegue unanimidade nem nos movimentos sociais
A questão é que Boulos não consegue ser unanimidade nem mesmo dentro dos movimentos sociais e do Partido dos Trabalhadores (PT). Há um receio que ele privilegie integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), entidade da qual fez parte, e menospreze a participação de outras como o Movimento Sem Terra (MST) e sindicatos. Dentro do PT, há quem defenda o próprio Macedo ou algum nome do próprio partido.
Nesse ano, Lula já nomeou como ministra a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e fez mudanças nos ministérios das Comunicações, Mulheres e Previdência. Foram 12 trocas desde o início do mandato. Nenhuma para fazer um rearranjo com o Centrão. Muito pelo contrário: o PT assumiu o Ministério da Saúde e cobiçou a Previdência quando Carlos Lupi deixou o cago.
Sem força, Lula resolveu dinamitar de vez a tal “Frente Ampla”. Mas, como o Centrão de bobo não tem nada, a resposta sem dúvida virá em 2026. Ou como um candidato próprio ou dando suporte ao principal adversário de Lula nas próximas eleições. A ver.
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Comentários (4)
Amaury G Feitosa
16.05.2025 11:26As imaculadas vestais do centrão sabem muito bem que ao final desta DITADURA não sobrará nada para roubar nos próximos quatro anos e vai fazer juras de amor aos manés para "salvar a nação" do caos.
Eduardo
16.05.2025 09:29Com Boulos, agora vai... Que desespero
Clayton De Souza pontes
16.05.2025 09:19Esse governo do Lula está se esgarçando com os esquemas descobertos , como esse do INSS, e com a vergonhosa política externa, com o alinhamento a ditaduras amigas. Já deu! O próximo presidente terá muito trabalho pra recolocar o país num caminho mais honroso
Mariade
16.05.2025 07:34Dinamitar a frente ampla e o próprio pé.