José Luiz Datena, jornalista que era a cara do Brasil Urgente, tem uma carreira de sucesso, mas que parece uma montanha-russa, com trocas constantes de emissoras e confusões que sempre dão o que falar. Desde que começou no rádio esportivo em Ribeirão Preto, há mais de 40 anos, Datena pulou de canal em canal como poucos.  

Ele passou pela Globo nos anos 80, foi para a Record nos 90, deu um pulo na RedeTV!, voltou para a Band por mais de 20 anos, tentou o SBT em 2025 e agora voltou à RedeTV!, de novo, para um programa vespertino. Só no SBT, ele ficou míseros quatro meses no Tá na Hora, saindo em maio de 2025 por conta de mudanças na grade que não curtiu.  

Antes disso, já tinha ido e voltado para a Band algumas vezes, mostrando que ele não sossega num lugar só. Essas mudanças pintam um Datena inquieto, sempre atrás de algo novo, mas também sugerem uma instabilidade que marca sua trajetória. 

Como não lembrar do rocambolesco período em que ele saiu da Record em março de 2002, insatisfeito com a perda da segunda edição do Cidade Alerta, mas voltou em menos de uma semana com novo contrato? 

Só que em maio daquele mesmo ano, deixou a emissora novamente, estreou na RedeTV! e retornou à Record em junho, enfrentando multas pesadas. Em 2003, rompeu com a Record de novo, indo para a Band apresentar o Brasil Urgente. Após oito anos, saiu em junho de 2011, voltou à Record por menos de dois meses, e reassumiu o programa na Band em agosto, acumulando mais multas milionárias. 

E se tem uma coisa que acompanha essas trocas de canal, são as polêmicas. O temperamento explosivo dele já rendeu momentos épicos – e problemáticos – na TV. Em 2012, por exemplo, ele negociou ao vivo com um sequestrador, ficou visivelmente abalado e virou assunto.  

Mas o que realmente pega são as confusões com outras pessoas. Em 2024, durante um debate na TV Cultura, ele perdeu a cabeça e jogou uma cadeira no candidato Pablo Marçal após provocações pessoais. A cena viralizou e reforçou a imagem de pavio curto, algo que ele mesmo admitiu em 2025, ao comentar queixas de Maria Bethânia num de seus shows.  

E não para por aí: Datena já foi processado por danos morais, como quando teve que pagar indenização para a Xuxa em 2020 por comentários ofensivos e para uma advogada em 2023. Enfrentou também acusações de assédio e racismo ao longo dos anos, mas sem condenações criminais. 

Essas confusões ao vivo e as trocas de emissora meio que andam juntas, porque o jeito impulsivo dele parece não combinar com estabilidade. Na política, onde tentou a prefeitura de São Paulo em 2024 pelo PSDB e flopou com menos de 2% dos votos, o incidente com Marçal só piorou as coisas.  

Ele também já sonhou em deixar o jornalismo policial para fazer entretenimento, como tentou com Quem Fica em Pé? e Agora é com Datena, mas o público não comprou a ideia. Aos 67 anos, com a TV mais competitiva e a audiência dividida com plataformas digitais, Datena precisa achar um canto para chamar de seu.  

Agora o que se fala é de sua anunciada ida (ou volta) para a RedeTV, vista com ares de traição por setores do SBT, que lhe deu abrigo quando saiu da Band após candidatura fracassada. O que se comenta da parte dele é que ele teria ficado sabendo de mudanças no seu programa e da possível chegada de Luiz Bacci, o que não agradou. 

Mas Jorge Kajurú, seu amigo, que teria feito a ponte com Amilcare Dallevo, dono da RedeTV, acrescenta outro fator: “Na Band, ele chegou a receber 1 milhão de reais por mês. Hoje, no máximo se paga 200.000 reais. Ele ficou numa situação que não tem como não aceitar”, afirmou à revista Veja, ainda citando a falta de estrutura adequado do SBT para um telejornal tão longo transmitido ao vivo. 
 
Essa nova mudança de ares pode ser uma chance, mas, com seu histórico de mudanças – algumas delas possivelmente fechando portas – e polêmicas, a pergunta é: será que ele consegue ficar numa boa na RedeTV sem arrumar mais confusão? O futuro dele na TV depende disso.