Não é Lula que se navega

09.11.2025

logo-crusoe-new
O Antagonista

Não é Lula que se navega

avatar
Rodolfo Borges
5 minutos de leitura 11.10.2025 12:37 comentários
Análise

Não é Lula que se navega

Petista entrou para o imaginário brasileiro como um político habilidoso e instintivo, mas seguiu na arena por tempo o bastante para desmontar essa impressão

avatar
Rodolfo Borges
5 minutos de leitura 11.10.2025 12:37 comentários 6
Não é Lula que se navega
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Lula (foto) entrou para o imaginário brasileiro como um político habilidoso e instintivo, o tal do “animal político”. Caso tivesse encerrado a carreira política em 2010, talvez essa impressão estivesse cristalizada até hoje. Mas o petista seguiu na arena por tempo o bastante para desmontá-la.

O presidente perdeu três eleições majoritárias até aceitar mudar de postura e assumir um discurso mais responsável.A insistência no erro já era um indicativo de que sua intuição não é tão boa assim. Lula só chegou ao Palácio do Planalto após um banho de loja marqueteiro e como consequência da conjuntura de 2002, de desgaste do PSDB.

O discurso do torneiro mecânico que virou presidente encantou as massas — e a intelectualidade brasileira, em especial — por muito tempo. Lula segue dizendo que é pobre, mas agora o faz ostentando gravatas e calçados de grife. E essa é apenas uma de suas facetas que envelheceu mal.

Acabou o governo

Assim como fez durante seus primeiros dois mandatos, o petista discursa como se fosse oposição e não tivesse qualquer responsabilidade para situação do pais, e investe os recursos do Brasil em si mesmo. Acuado pelas pesquisas de opinião pública, Lula abandonou, em janeiro, até mesmo a tentativa de dissimular que governa e assumiu que a campanha de 2026 já tinha começado.

Desde que retornou ao Planalto, com o objetivo de limpar a biografia após ter sido preso por corrupção, a principal meta do governo é arrecadar cada vez mais impostos para que o presidente possa dizer que está cuidando dos “pobres” — enquanto leva a economia brasileira para o buraco.

A relação do presidente com o Congresso Nacional é mediada pela enfraquecida distribuição de emendas parlamentares, e não pelo encantamento de deputados e senadores, como se cantava em prosa e verso mesmo na época em que os petistas se relacionavam com o parlamento à base do mensalão, na ilusão de que poderiam comandar o país sem dividir o poder com seus aliados.

A vitória proporcionada pelo malandro discurso da “justiça tributária” na votação sobre a ampliação da isenção do Imposto de Renda na Câmara dos Deputados deu a impressão de que aquele Lula imaginário seria capaz de submeter a polícia nacional a suas vontades mais uma vez, mas a derrota da MP 1303 nesta semana escancarou os limites do petista.

Marketing

Assim como Lula já esteve nas mãos de Duda Mendonça e João Santana, agora seus passos são calculados por Sidônio Palmeira, que praticamente assumiu o comando do governo e participa até de telefonema com chefe de Estado estrangeiro.

O marqueteiro aproveitou a onda gerada pelo tarifaço de Donald Trump e os erros de cálculo da desesperada família Bolsonaro para recuperar algo da popularidade perdida pelo presidente, que também se beneficiou momentaneamente do impacto da alta taxa básica de juros sobre a inflação — o Banco Central atua sozinho para segurar o avanço dos preços incentivado pelo Executivo.

Sem disposição para solucionar os problemas estruturais do país e sem força moral para encampar uma agenda própria e liderar a nação, Lula se resume hoje a onerosas ações de marketing milimetricamente calculadas para reconquistar parcelas do eleitorado que perdeu. Em nome de quê? Mais quatro anos de personalismo e irresponsabilidade?

Entregue ao acaso

Mesmo o discurso de defesa da democracia, que o ajudou a derrotar Jair Bolsonaro em 2022, foi se desmanchando ao longo do governo, com posicionamentos errados a favor da Rússia, do Hamas, do Irã e de Nicolás Maduro — este último levou à constrangedora situação de não poder tocar no nome de María Corina Machado após o anúncio do Nobel da Paz para a venezuelana.

Lula voltou ao Planalto para tentar uma reabilitação política, mas se arrisca a deixar a Presidência ainda menor do que entrou. Para evitar que isso ocorra, vai ter de dar ainda mais sorte do que já deu quando seus principais opositores lhe entregaram o discurso da “soberania nacional”.

No Brasil, tudo pode acontecer, até um ex-presidente preso por corrupção ter os processos anulados de uma hora para outra e voltar a comandar o país, mas o destino de Lula está totalmente entregue ao acaso— e isso não o diferencia, hoje, da grande maioria dos políticos.

Quem vai pagar o preço por essa impotência, e muito caro, são os brasileiros — e não apenas por meio de cada vez mais tributos, mas dos custos impostos pela falta de rumo de um capitão que reassumiu o timão sem ter qualquer condição de conduzir o barco e jogou o país num redemoinho.

Leia mais: Lula é o grande derrotado do Nobel da Paz

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Até Paul McCartney criticou o cardápio da COP30

Visualizar notícia
2

Jorginho Mello apoia ação de Florianópolis de “devolver” moradores de rua

Visualizar notícia
3

Congresso está de joelhos para o STF, diz Michelle Bolsonaro

Visualizar notícia
4

Só existem 241 Bolsonaros

Visualizar notícia
5

Escolha de Derrite para relatar PL Antifacção irrita governo Lula

Visualizar notícia
6

Trump anuncia boicote ao G20 na África do Sul

Visualizar notícia
7

Trump acusa JBS de manipular preços e pede investigação

Visualizar notícia
8

Paulo Preto tem pena reduzida de 145 para 5 anos de prisão

Visualizar notícia
9

Tornado no Paraná deixa mais de mil desabrigados

Visualizar notícia
10

Rio Bonito do Iguaçu terá de ser reconstruída, diz prefeito

Visualizar notícia
1

Trump acusa JBS de manipular preços e pede investigação

Visualizar notícia
2

TCU: Beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3,7 bilhões com bets em um mês

Visualizar notícia
3

Gleisi lidera comitiva enviada por Lula ao Paraná após tornado

Visualizar notícia
4

Seif aponta "bairrismo paroquiano, pequeno e xenófobo" contra Carluxo

Visualizar notícia
5

Só existem 241 Bolsonaros

Visualizar notícia
6

Congresso está de joelhos para o STF, diz Michelle Bolsonaro

Visualizar notícia
7

Leonardo Barreto na Crusoé: Polarização 2.0 desafia Lula

Visualizar notícia
8

Paulo Preto tem pena reduzida de 145 para 5 anos de prisão

Visualizar notícia
9

Hugo Motta: “Quando o tema é segurança, não há direita nem esquerda”

Visualizar notícia
10

Jorginho Mello apoia ação de Florianópolis de “devolver” moradores de rua

Visualizar notícia
1

Congresso está de joelhos para o STF, diz Michelle Bolsonaro

Visualizar notícia
2

Rio Bonito do Iguaçu terá de ser reconstruída, diz prefeito

Visualizar notícia
3

Crusoé: Regulamentação do lobby segue parada no Senado

Visualizar notícia
4

Jorginho Mello apoia ação de Florianópolis de “devolver” moradores de rua

Visualizar notícia
5

Cláudio Castro se reúne com Tarcísio para discutir segurança pública

Visualizar notícia
6

EUA retiram líder sírio da lista de promotores do terrorismo

Visualizar notícia
7

Só existem 241 Bolsonaros

Visualizar notícia
8

Trump anuncia boicote ao G20 na África do Sul

Visualizar notícia
9

Tarcísio oferece ajuda ao Paraná após tornado

Visualizar notícia
10

Gleisi lidera comitiva enviada por Lula ao Paraná após tornado

Visualizar notícia

Tags relacionadas

Luiz Inácio Lula da Silva Sidônio Palmeira
< Notícia Anterior

Como descobrir a idade do seu pet utilizando a regra dos 7 anos

11.10.2025 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Em shakes, suplementos e barras de proteína: como o Whey afeta o intestino e a saúde de adolescentes a longo prazo

11.10.2025 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (6)

F-35- Hellfire

16.10.2025 22:32

Nossa Constituição deveria ser mais rigorosa com pretendentes a cargos a serem disputados em eleições com votação pela população. Presidentes, governadores e prefeitos têm que falar pelo menos inglês e espanhol, ter formação universitária em universidades de nível internacional em matérias que envolvem administração pública, integridade, ética e moral, finanças, segurança, cultura geral, matemática, ciências, história, geografia, saúde pública e outras relacionadas com governar. Obrigatóriamente tal formação deverá demonstrar espírito competitivo, dedicação ao estudo, capacidade intelectual, raciocínio lógico e QI elevado. Sua formação deverá mostrar dedicação e capacidade com notas excelentes, sempre acima da média. Ser presidente da nossa nação não pode ocorrer por acaso, chega de aventureiros ignorantes, despreparados e desonestos, pessoas como Bolsanaro, Lula, Gleisi Hofmann, José Dirceu, Dilma Roussef, canalhas cujos predicados se descobrem casualmente depois de eleitos.


Ione Maria da Silva

16.10.2025 19:49

Parabéns por essa excelente matéria!


MARCOS

13.10.2025 18:13

O EX-PRESIDIÁRIO SÓ CHEGOU AO PLANALTO PORQUE O POVO BRASILEIRO É BURRO E, NA GRANDE MAIORIA, ANALFABETO. O O EX REALMENTE DISSO SE APROVEITOU.


Ita

12.10.2025 21:50

Isso! 2026 temos que mudar isso.


ALDO FERREIRA DE MORAES ARAUJO

12.10.2025 19:32

Como a grande maioria do povo é ignorante ou indolente em política (e em muitas coisas mais), os brasileiros nem perceberão a própria responsabilidade no cenário ao novamente colocar no poder um sujeito corrupto e com ideias abjetas, mas que sabe falar para esse povaréu e que qualquer bobagem basta para lhes agradar.


JEAN PAULO NIERO MAZON

11.10.2025 14:15

Com presidente fraco temos como vencedor congressistas corruptos, eleitos por uma tropa de choque do centrao, que pode extorquir dinheiro em troca de voto! Culpa de eleitores mal informados e de castas políticas familiares


Torne-se um assinante para comentar

Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.