Não é Lula que se navega

18.11.2025

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O Antagonista

Não é Lula que se navega

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Rodolfo Borges
5 minutos de leitura 11.10.2025 12:37 comentários
Análise

Não é Lula que se navega

Petista entrou para o imaginário brasileiro como um político habilidoso e instintivo, mas seguiu na arena por tempo o bastante para desmontar essa impressão

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Rodolfo Borges
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Não é Lula que se navega
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Lula (foto) entrou para o imaginário brasileiro como um político habilidoso e instintivo, o tal do “animal político”. Caso tivesse encerrado a carreira política em 2010, talvez essa impressão estivesse cristalizada até hoje. Mas o petista seguiu na arena por tempo o bastante para desmontá-la.

O presidente perdeu três eleições majoritárias até aceitar mudar de postura e assumir um discurso mais responsável.A insistência no erro já era um indicativo de que sua intuição não é tão boa assim. Lula só chegou ao Palácio do Planalto após um banho de loja marqueteiro e como consequência da conjuntura de 2002, de desgaste do PSDB.

O discurso do torneiro mecânico que virou presidente encantou as massas — e a intelectualidade brasileira, em especial — por muito tempo. Lula segue dizendo que é pobre, mas agora o faz ostentando gravatas e calçados de grife. E essa é apenas uma de suas facetas que envelheceu mal.

Acabou o governo

Assim como fez durante seus primeiros dois mandatos, o petista discursa como se fosse oposição e não tivesse qualquer responsabilidade para situação do pais, e investe os recursos do Brasil em si mesmo. Acuado pelas pesquisas de opinião pública, Lula abandonou, em janeiro, até mesmo a tentativa de dissimular que governa e assumiu que a campanha de 2026 já tinha começado.

Desde que retornou ao Planalto, com o objetivo de limpar a biografia após ter sido preso por corrupção, a principal meta do governo é arrecadar cada vez mais impostos para que o presidente possa dizer que está cuidando dos “pobres” — enquanto leva a economia brasileira para o buraco.

A relação do presidente com o Congresso Nacional é mediada pela enfraquecida distribuição de emendas parlamentares, e não pelo encantamento de deputados e senadores, como se cantava em prosa e verso mesmo na época em que os petistas se relacionavam com o parlamento à base do mensalão, na ilusão de que poderiam comandar o país sem dividir o poder com seus aliados.

A vitória proporcionada pelo malandro discurso da “justiça tributária” na votação sobre a ampliação da isenção do Imposto de Renda na Câmara dos Deputados deu a impressão de que aquele Lula imaginário seria capaz de submeter a polícia nacional a suas vontades mais uma vez, mas a derrota da MP 1303 nesta semana escancarou os limites do petista.

Marketing

Assim como Lula já esteve nas mãos de Duda Mendonça e João Santana, agora seus passos são calculados por Sidônio Palmeira, que praticamente assumiu o comando do governo e participa até de telefonema com chefe de Estado estrangeiro.

O marqueteiro aproveitou a onda gerada pelo tarifaço de Donald Trump e os erros de cálculo da desesperada família Bolsonaro para recuperar algo da popularidade perdida pelo presidente, que também se beneficiou momentaneamente do impacto da alta taxa básica de juros sobre a inflação — o Banco Central atua sozinho para segurar o avanço dos preços incentivado pelo Executivo.

Sem disposição para solucionar os problemas estruturais do país e sem força moral para encampar uma agenda própria e liderar a nação, Lula se resume hoje a onerosas ações de marketing milimetricamente calculadas para reconquistar parcelas do eleitorado que perdeu. Em nome de quê? Mais quatro anos de personalismo e irresponsabilidade?

Entregue ao acaso

Mesmo o discurso de defesa da democracia, que o ajudou a derrotar Jair Bolsonaro em 2022, foi se desmanchando ao longo do governo, com posicionamentos errados a favor da Rússia, do Hamas, do Irã e de Nicolás Maduro — este último levou à constrangedora situação de não poder tocar no nome de María Corina Machado após o anúncio do Nobel da Paz para a venezuelana.

Lula voltou ao Planalto para tentar uma reabilitação política, mas se arrisca a deixar a Presidência ainda menor do que entrou. Para evitar que isso ocorra, vai ter de dar ainda mais sorte do que já deu quando seus principais opositores lhe entregaram o discurso da “soberania nacional”.

No Brasil, tudo pode acontecer, até um ex-presidente preso por corrupção ter os processos anulados de uma hora para outra e voltar a comandar o país, mas o destino de Lula está totalmente entregue ao acaso— e isso não o diferencia, hoje, da grande maioria dos políticos.

Quem vai pagar o preço por essa impotência, e muito caro, são os brasileiros — e não apenas por meio de cada vez mais tributos, mas dos custos impostos pela falta de rumo de um capitão que reassumiu o timão sem ter qualquer condição de conduzir o barco e jogou o país num redemoinho.

Leia mais: Lula é o grande derrotado do Nobel da Paz

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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Comentários (6)

F-35- Hellfire

16.10.2025 22:32

Nossa Constituição deveria ser mais rigorosa com pretendentes a cargos a serem disputados em eleições com votação pela população. Presidentes, governadores e prefeitos têm que falar pelo menos inglês e espanhol, ter formação universitária em universidades de nível internacional em matérias que envolvem administração pública, integridade, ética e moral, finanças, segurança, cultura geral, matemática, ciências, história, geografia, saúde pública e outras relacionadas com governar. Obrigatóriamente tal formação deverá demonstrar espírito competitivo, dedicação ao estudo, capacidade intelectual, raciocínio lógico e QI elevado. Sua formação deverá mostrar dedicação e capacidade com notas excelentes, sempre acima da média. Ser presidente da nossa nação não pode ocorrer por acaso, chega de aventureiros ignorantes, despreparados e desonestos, pessoas como Bolsanaro, Lula, Gleisi Hofmann, José Dirceu, Dilma Roussef, canalhas cujos predicados se descobrem casualmente depois de eleitos.


Ione Maria da Silva

16.10.2025 19:49

Parabéns por essa excelente matéria!


MARCOS

13.10.2025 18:13

O EX-PRESIDIÁRIO SÓ CHEGOU AO PLANALTO PORQUE O POVO BRASILEIRO É BURRO E, NA GRANDE MAIORIA, ANALFABETO. O O EX REALMENTE DISSO SE APROVEITOU.


Ita

12.10.2025 21:50

Isso! 2026 temos que mudar isso.


ALDO FERREIRA DE MORAES ARAUJO

12.10.2025 19:32

Como a grande maioria do povo é ignorante ou indolente em política (e em muitas coisas mais), os brasileiros nem perceberão a própria responsabilidade no cenário ao novamente colocar no poder um sujeito corrupto e com ideias abjetas, mas que sabe falar para esse povaréu e que qualquer bobagem basta para lhes agradar.


JEAN PAULO NIERO MAZON

11.10.2025 14:15

Com presidente fraco temos como vencedor congressistas corruptos, eleitos por uma tropa de choque do centrao, que pode extorquir dinheiro em troca de voto! Culpa de eleitores mal informados e de castas políticas familiares


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