Mito, imbrochável, imorrível, incomível; e não pode viajar
Para um pretenso mito, que se diz o único candidato da direita brasileira, Bolsonaro anda passando recibo de "vira-lata" além do razoável
Poucas situações são mais constrangedoras – aos olhos de terceiros, é claro – que “pidões”, gente que, por exemplo, se convida para festas e eventos quando cientes da própria insignificância, mas sedentas por holofotes e regabofes. Dizem que “quem não é visto não é lembrado”, e é verdade. Mas nem por isso é necessário se humilhar, não é mesmo?
Não sou louco de dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro é insignificante, ainda que, particularmente, adoraria que fosse. Mas ele sabe muito bem que “rei morto é rei posto”, e que a fila andou. E não foi só Lula, não, que roubou seu lugar. Pablo Marçal que o diga. E também Tarcísio de Freitas. Mas, principalmente, Alexandre de Moraes. Já chego lá.
Por favor, por favor, parte 1
Outro dia, o senador Rodrigo Pacheco, o todo-poderoso presidente do Congresso Nacional, em entrevista lembrou ao presidente Lula: “É óbvio que, quem é advogado como eu, alguém já disse que, se falar do Supremo Tribunal Federal, é algo que você não trabalha, mas também não recusa”. Eis o exemplo de um “pidão”, implorando por uma vaga no Supremo.
Investigado em dois processos no STF – nos quais deverá ser condenado, aliás – o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões milionárias está com seu passaporte retido por ordem do seu desafeto número 1. E vocês sabem, né? Se Xandão mandou, é melhor obedecer. Do contrário, fará companhia à Fátima Tubarão pelos próximos 17 anos.
Por favor, por favor, parte 2
Com a vitória de Trump, acompanhada de perto pelo filho Dudu Bananinha, o “imbrochável, imorrível e incomível” implora, pela imprensa, permissão para poder viajar e comparecer à posse presidencial em janeiro de 2025. Aliás, será que o bufão alaranjado, agora, vai maldizer as eleições e a democracia americana, e incentivar quebra-pau no Capitólio?
“Se o Trump me convidar, eu vou peticionar ao TSE, ao STF. Ele [Moraes] vai falar ‘não’ para o cara mais poderoso do mundo? Eu sou o ex. O cara vai arranjar uma encrenca por causa do ex? Agora, com todo o respeito, o homem mais forte do mundo… você acha que ele vai convidar o Lula? Talvez protocolarmente”, disse Bolsonaro na quarta-feira, 6.
Me chama, me chama
Aí está, como Pacheco, mais um “pidão”. E humildezinho, humildezinho. O outrora valentão que gritava “Acabou, porra! Este presidente não vai mais cumprir as ordens de Alexandre de Moraes”, agora vê-se obrigado a mendigar a devolução de seu passaporte e uma patética autorização para deixar o país. E não acabou, não, o show de sabujice explícita:
“Ele [Trump] me tem como uma pessoa que ele gosta, é como você se apaixona por alguém de graça, né? Essa paixão veio da forma como eu tratava ele, sabendo o meu lugar”. Para um pretenso mito, que se diz o único candidato possível da direita brasileira, Bolsonaro anda passando recibo de “vira-lata” além do razoável – e necessário.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)