Mais uma lição de Milei ao Brasil
Não poderia ter vindo em pior hora para Bolsonaro e seus aliados a aprovação de um projeto de lei da ficha limpa pelos deputados argentinos

Javier Milei (foto) já tinha dado uma lição ao presidente Lula, ao fazer uma série de reformas econômicas tidas inicialmente como arriscadas e exageradas, mas que vão mostrando seus efeitos positivos mais rápido do que se imaginava. Agora, a lição vem para o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Enquanto os aliados de Bolsonaro buscam formas de habilitar o ex-presidente para concorrer à presidência em 2026 — um dos caminhos seria enfraquecer a Lei da Ficha Limpa —, a base do presidente argentino aprovou na Câmara dos Deputados uma lei que inabilita para disputar cargos públicos condenados por corrupção em segunda instância — falta aprovação do Senado.
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A oposição a Milei reclama da legislação, que tornaria a ex-presidente Cristina Kirchner inelegível antes mesmo de sua condenação por fraude em licitações transitar em julgado — ela foi condenada em segunda instância em novembro de 2024 e ainda pode recorrer à Suprema Corte. Mas Milei já tinha apresentado a proposta no início de seu governo, em março do ano passado.
Ficha Limpa
Bolsonaro argumenta que a Lei da Ficha Limpa está sendo usada no Brasil apenas para perseguir a direita. Nesse caso, o correto a defender, do ponto de vista do combate à corrupção, seria a aplicação da norma para todos os espectros políticos, e não a revogação da lei, como o ex-presidente chegou a defender.
A articulação dos opositores do governo Lula contra a Ficha Limpa se tornou mais um dos flancos para desavenças entre a direita. Políticos como o senador Sergio Moro (União-PR), que se notabilizaram pelo combate à corrupção, arriscam perder sua principal bandeira caso se alinhem a Bolsonaro nesse pleito.
Mesmo o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que defende anistia a Bolsonaro junto com os condenados pelo 8 de janeiro, demonstrou relutância em reduzir de oito para dois anos o período de inelegibilidade imposto pela condenação por corrupção.
“Lei de iniciativa popular”
“A Lei da Ficha Limpa foi uma lei de iniciativa popular, e ela nasce na esteira das condenações do mensalão, no ano de 2010. Até então a inelegibilidade era de três anos, se não me engano, passou para oito. Portanto, é um assunto que vai ser discutido, mas, no Senado, é um assunto que eu vejo com uma certa dificuldade”. comentou em entrevista ao programa Meio-Dia em Brasília.
Caso Bolsonaro consiga um caminho para se candidatar por meio do enfraquecimento da Ficha Limpa, ele terá aberto mão completamente do discurso de combate à corrupção.
Quem acompanha O Antagonista já sabe que esse discurso não lhe cabe muito bem há anos, mas a defesa pública do enfraquecimento de uma lei de origem popular contra a corrupção deixa isso mais claro do que nunca.
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Comentários (5)
Amaury G Feitosa
13.02.2025 14:47Bolsonaro se mostrou um.idiota e deslumbrado pelo poder sequer quis apurar quem mandou assassiná-lo e tivesse feito isto livraria o país de ditadores criminosos e de seus capachos e idólatras que envergonham a nação ... jumentos não tem espelho !!@
Fabio B
13.02.2025 13:27Por que será que isso nem está repercutindo entre os "influencers" bolsonaristas?
Erico Mattos
13.02.2025 12:33Até o final do governo Milei, o Brasil estará arrasado e Argentina em melhor situação. 1) Pelo Miliei e seu povo colhendo os benefícios do sacrifício atual. 2) Por Luladrão e Bostanaro alinhados com seus seguidores acéfalos que não idolatram corruptos e Judiciário político.
Jorge Alberto da Cunha Rodrigues
13.02.2025 11:50Em apenas 1 ano de governo Javier Milei a Argentina deu um enorme salto de qualidade nos seus indicadores econômicos e no combate à corrupção. O Brasil segue o caminho oposto ao da Argentina.
Marcia Elizabeth Brunetti
13.02.2025 11:44E pensar que eu criticava o Milei por buscar orientações em seus cachorros. Hoje acho que eles são bem melhores do que nossos políticos.