Lula, que não dá conta do Brasil, puxa a orelha de Trump nos EUA
Ele até está correto, mas não tem legitimidade para chamar a atenção de Trump sobre gestão ou diplomacia, muito menos sobre democracia

Era tão certo quanto dois e dois são quatro – e como a Terra não é plana e cloroquina com ivermectina não servem para covid-19 -, Lula, nas cordas por causa da inflação, do déficit público, do isolamento político, da Janja, do Pix, da Venezuela, do Hamas e de toda sua interminável lista de más escolhas e má gestão, tentar encontrar um inimigo para guerrear como forma de diversionismo divisionista.
Internamente, com Jair Bolsonaro, não nas cordas, mas na lona, e uma oposição mequetrefe, hoje limitada a tiktokers mais rasos que um pires, e a oportunistas de ocasião como Pablo Marçal e Gusttavo Lima, o chefão petista não conseguiu encontrar um alvo real, de carne e osso. Mercado, especuladores, empresários gananciosos e blá blá blá podem servir a um ou outro discurso de palanque, mas não ao embate permanente.
Lula precisa de um oponente, e se possível que não agrade a muita gente. Neste sentido, Donald Trump é o Golias ideal, para o Davi bananeiro cantar suas glórias de retirante pobre a combater o gigante opressor americano. Após discursos iniciais de moderação e cautela por parte de autoridades do governo, o pai do Ronaldinho dos Negócios deu um cavalo de pau e passou a atacar, dia sim, outro também, o bufão americano.
Incoerência e populismo
Sim. Lula tem certa razão. Porém, ouvi-lo falar em Consenso de Washington, globalização, livre mercado, comércio internacional e outras ideias e práticas liberais – que ele o PT sempre atacaram -, além de patético, mostra o quão hipócritas e cínicos certos políticos são quando entram em modo de desespero. Lula está a caminho de se tornar um fiasco nas eleições de 2026 e “fará o diabo” (lembram-se da Dilma?) para reverter a situação.
Não tenham dúvidas: a alma mais honesta do país irá afrouxar ainda mais o controle de gastos, aumentar os programas assistenciais, liberar e baratear o crédito etc., ou seja, uma reedição do que ele e o PT sempre fizeram. O enganoso sucesso imediato de medidas populistas (crescimento do PIB e aumento do consumo) sempre apresenta a fatura mais à frente. Geralmente quando os (ir)responsáveis já deixaram o poder.
Para além das medidas populistas de ordem macroeconômica, politicamente, Lula irá buscar em Donald Trump um catalisador potente. Contudo, como sabido, a diferença entre remédio e veneno é a dose. Se exagerar na verborragia poderá despertar a ira do Nero republicano e, como ele mesmo disse, “O Brasil precisa mais dos EUA do que nós, deles”. Além disso, no âmbito da reciprocidade tarifária, a margem de manobra é mínima.
Metralhadora giratória
Já às voltas com uma inflação alta e crescente, um possível aumento de impostos de importação resultará em mais aumento de preços. Outro aspecto importante, para além destes dois pontos, é a percepção de oportunismo eleitoral por parte do eleitorado, que de bobo, anda tendo cada vez mais nada, haja vista a pouca importância das últimas medidas populistas anunciadas pelo governo, segundo as mais recentes pesquisas de opinião.
Nas últimas aparições públicas, Lula investiu pesado contra Trump: “Um dia ele quer ocupar o canal do Panamá, outro dia anexar a Groenlândia ou o Canadá. Depois, trata o povo palestino como se não fosse ninguém. Ele tem meu respeito para governar os Estados Unidos. Mas ele não foi eleito para governar o mundo”. E mais: “Não tem dúvida, haverá reciprocidade do Brasil em qualquer atitude que tiver contra o Brasil.”
“Os Estados Unidos sempre se colocaram como símbolo da democracia, mas agora de repente elegem um presidente que faz questão de todo dia dizer uma anomalia. Agora estão defendendo o protecionismo, os Estados Unidos para os americanos, tudo para os americanos. Me preocupo com isso, porque o que está em risco no mundo é a democracia, e eles agora estão negando tudo isso, eu acho muito delicado.”
Falta legitimidade
“Os Estados Unidos, depois da Segunda Guerra, se comportaram, aos olhos do mundo, como símbolo da democracia. O sonho americano’. Era um país que dava oportunidade para todo mundo. Mas agora tem um novo discurso, a ‘América para os americanos’. Vamos taxar tudo que é importado e mandar embora todos imigrantes, que foram para os EUA e ajudaram a construir aquela pátria grande e a riqueza dos EUA.”
“E aí eu fico pensando: cadê a democracia? Cadê o respeito ao livre trânsito do ser humano, se você tem livre trânsito do capital? Cadê o livre comércio que foi tão apregoado? E aí começa a ameaçar o mundo. Todo dia tem uma ameaça”. Eis aí. O “cara” do Obama, que não consegue cuidar do Brasil, agora quer dar lição aos Estados Unidos. E ainda tem coragem de falar em democracia o amigão de Chávez, Maduro e companhia.
Repito: ele até está correto! Mas não tem legitimidade moral para chamar a atenção de Trump. Nem sobre gestão nem sobre diplomacia, muito menos sobre democracia. Melhor se tomasse conta do próprio país. Mas vamos ver se suas bravatas chegam ao outro lado do Atlântico e, se chegarem, se causarão alguma reação. Independentemente disso, Lula continuará em busca de um factoide político. Afinal, sempre viveu deles.
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Comentários (3)
Amaury G Feitosa
20.02.2025 11:44LULA e TRUMP NÃO TREPAM ... cheguei a esta conclusão depois das últimas falas do Lula que de forma ignorante afirmou em live que o idiota do Bolsonaro não pode ser preso se provar sua inocência quando qualquer mané de chifre sabe que o acusador é que tem de provar o crime, contra ele provaram e por isto passou ano e meio comendo franga na carceragem da PF ... TRUMP atirando covardemente Zelenski e no povo ucraiano como nós vítimas de um ditador criminoso nas garras de Putin mostrou que dona Mely deve estar subindo nas paredes, bom ter cuidado c'o Macron ... vão foRder idiotas e coloquem seus cérebros pôdres em ordem.
Angelo Sanchez
18.02.2025 14:23Quanto mais o "descondenado" discursa em cima de palanques para a sua plateia, mais ele espalha mherda no ventilador. Ninguém mais acredita nele, a picanha dos pobres nunca vai chegar a assar, e sem a picanha, também sem voto.
Claudemir Silvestre
18.02.2025 12:29Vai ficar falando bobagens até levar um CALA BOCA do Trump !!!