Lula perdeu junto com Kamala
Petista não resistiu a uma oportunidade de aparecer bem no exterior, uma postura que resume a política externa de seu governo, ainda que ele venha falhando miseravelmente nessa missão
A exemplo que fizeram chefes de Estado ao redor do mundo, Lula (ao centro na foto) parabenizou nesta quarta-feira, 6, Donald Trump pelo retorno à Casa Branca. A mensagem em que o petista deseja “sorte e sucesso” ao americano soa bem mais protocolar do que todas as outras, contudo, porque Lula tomou partido de Kamala Harris, adversária de Trump, a apenas cinco dias do desfecho eleitoral.
Questionado sobre a eleição americana durante entrevista ao canal francês TF1, o petista não resistiu a, mais uma vez, colocar seus próprios interesses à frente daquilo que o cargo que ele ocupa exige — repetindo, aliás, o que fez Jair Bolsonaro ao se posicionar a favor de Trump em 2020, quando o republicano perdeu a eleição para Joe Biden.
Não era mistério para ninguém que Lula e toda a esquerda brasileira preferiam uma vitória da vice-presidente dos Estados Unidos; até por isso, a afirmação do petista não precisava ter sido feita.
Agenda própria
O presidente brasileiro não resistiu, contudo, a uma oportunidade de aparecer bem no exterior, posando como defensor da democracia. Essa postura da agenda própria resume a política externa de seu governo, ainda que ele venha falhando miseravelmente nessa missão.
O governo Lula participou como protagonista do teatro da “reeleição” de Nicolás Maduro na Venezuela, apenas para ser humilhado pela ditadura amiga, que hoje, com as atas da eleição enterradas, debocha da encenação lulista a favor da democracia que o presidente brasileiro alega defender.
O tiro também saiu pela culatra no posicionamento da diplomacia brasileira em relação à reação israelense ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023; e a avaria na bússola moral petista fica mais evidente a cada eliminação cirúrgica de líderes do Hezbollah e do grupo terrorista palestino.
Derrota de Lula? Vitória de Bolsonaro
Ao atrair para si a derrota de Kamala Harris, Lula faz exatamente o jogo de Bolsonaro, que já reivindicou o triunfo do republicano em mensagem na qual manifesta o desejo de “que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho”.
Pode ser que o petista tenha se iludido com a cobertura de boa parte da imprensa sobre a eleição americana, e estivesse acreditando na vitória de Kamala, mas, como mostrou Crusoé em janeiro, Trump tinha boas chances de ganhar esta eleição.
Depois da devastação imposta pela eleição municipal à esquerda brasileira, e em especial ao PT, Lula contratou mais uma derrota desnecessária, só que muito pior, porque não afeta apenas os seus, mas o Brasil inteiro.
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