Lula e o “fogo” de Adolf Hitler e Vladimir Putin

21.05.2025

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O Antagonista

Lula e o “fogo” de Adolf Hitler e Vladimir Putin

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Catarina Rochamonte
7 minutos de leitura 09.05.2025 10:31 comentários
Análise

Lula e o “fogo” de Adolf Hitler e Vladimir Putin

Quem negará que exista também em Vladimir Putin esse “fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer” que Lula tanto admirou em Hitler?

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Catarina Rochamonte
7 minutos de leitura 09.05.2025 10:31 comentários 6
Lula e o “fogo” de Adolf Hitler e Vladimir Putin
Reprodução/Instagram

O presidente brasileiro Lula da Silva viajou para Moscou com o objetivo de adular o ditador russo Vladimir Putin; a implicação lateral maior de tal adulação consistirá no reforço de propaganda para a criminosa guerra de invasão que a tirania russa promove contra a Ucrânia há mais de três anos.

Aproveitando-se de uma importante data histórica – Dia da Vitória / 80 º Ano da vitória da União Soviética sobre o nazismo na segunda guerra mundial – Putin convidou o presidente brasileiro e dirigentes de outros países para um teatro; uma encenação que visa colocar sob luz favorável suas pretensões pan-eslavistas.

As comemorações anuais do Dia da Vitória, em Moscou, têm ganhado proporções cada vez maiores desde que teve início a guerra na Ucrânia.

No momento em que estudantes se vestem como soldados, entoam canções patrióticas e lojas são decoradas em toda a cidade com a icônica imagem da “Mãe Pátria” com uma espada na mão chamando seus filhos para lutar contra o inimigo, Putin declara que a atual “operação militar especial” – que nada mais é que a invasão de um país democrático e soberano – é uma continuação da luta vitoriosa contra o nazismo.

Não é só contra a Ucrânia que a Rússia se vale do espantalho nazista. Na propaganda do Kremlin, o próprio serviço secreto russo elaborou um panfleto no qual utiliza o termo “eurofascismo”, referindo-se a todos os países europeus que manifestam apoio ao suposto “regime nazista” ucraniano.

Isolado do que se convencionou chamar “mundo livre” – países que, a despeito de suas mazelas e imperfeições regem a si mesmos por leis norteadas por princípios de justiça e igualdade, respeito à liberdade em todas as suas expressões, direitos humanos e separação de poderes – Putin tenta agregar em torno de si os líderes que estão se lixando para tais princípios.

Sob o pretexto mentiroso e absurdo de “desnazificar” a Ucrânia, Putin tem levado morte e destruição a esse país que ainda resiste heroicamente, apesar de toda a covardia dos que o atacam e dos que se acumpliciam com Putin – ele sim o Hitler do século XXI.

Putin – o Hitler do século XXI

A Segunda Guerra Mundial teve início como reação de nações democráticas a uma guerra de invasão promovida pela Alemanha nazista contra o Leste Europeu que começou pela Polônia. Ora, invadir o Leste Europeu é hoje a clara intenção de Putin, que pretende usar a Ucrânia como porta de entrada.

A específica guerra da Rússia (então União Soviética/URSS) contra as forças do Eixo ocorreu devido à invasão de tropas da Alemanha, que, rompendo com o Pacto Nazi-Soviético (também conhecido como Pacto Molotov-Ribbentrop), vigente desde agosto de 1939, deu início à Operação Barbarossa, em junho de 1941, avançando sobre vasta extensão do território soviético.

Que o tirano Putin use a celebração de uma vitória sobre invasores para fortalecer a narrativa/justificativa da sua própria guerra de invasão é algo sórdido; mas compreensível, porque os tiranos sempre são sórdidos.

Agora, que o presidente de um país democrático (ainda que de uma democracia cada vez mais capenga) se preste a convalidar tamanha sordidez é uma baixeza difícil de entender. Neste teatro de Putin o ator coadjuvante Lula faz um papel feio.

O que Lula admira em um homem?

Os militantes da mídia chapa-branca estão redobrando esforços para criar justificativas para o gesto adulatório de Lula, mas nenhuma delas se sustenta.

Não há nenhuma ganho pragmático com isso e, do ponto de vista diplomático, a visita a um país responsável por uma guerra de invasão ainda em curso é inoportuna, inconveniente e imoral.

Assim sendo, parece-me que a explicação para a visita de Lula ao companheiro Putin é mais psicológica do que política.

Uma pista para entender as suas motivações está na famosa entrevista concedida à Playboy, edição nº 48, em julho de 1979.

Durante a conversa, ao ser questionado sobre figuras que o inspiravam, Lula mencionou diversos nomes, incluindo Adolf Hitler. Segue a transcrição do trecho:

Playboy: Alguém mais que você admira?

Lula: [Pausa, olhando as paredes] O Mao Tse-Tung também lutou por aquilo que achava certo, lutou para transformar alguma coisa.

Playboy: Diga mais…

Lula: Por exemplo… O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer.

Playboy: Quer dizer que você admira o Adolfo?

Lula: [Enfático] Não, não. O que eu admiro é a disposição, a força, a dedicação. É diferente de admirar as ideias dele, a ideologia dele.

Qualquer bom conhecedor da natureza humana capaz de entender as entrelinhas de uma fala comprometedora, perceberá o quanto essa entrevista traz da face real de Lula, que se remexe inquieta em carantonhas por trás da máscara de democrata que vive caindo da sua cara.

Antes de mais nada, ele admira tiranos. Independentemente de ideologias, o que o encanta é a personalidade psicopática e megalomaníaca.

O que ele admira é a “disposição, a força, a dedicação”, pouco importando o fato de que tais atributos tenham sido usados para exterminar 6 milhões de judeus. Esse ponto é de somenos importância para Lula; é um mero detalhe.

Quem negará que exista também em Vladimir Putin esse “fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer” que Lula tanto admira?

Que o saldo desse “fogo” seja cerca de 43.000 soldados ucranianos mortos, 370.000 soldados ucranianos feridos, 12.500 civis ucranianos mortos e 28.400 ucranianos feridos é um detalhe sem importância.

Que o resultado da “disposição, força e dedicação” de Putin para fazer renascer um império seja 20.000 crianças ucranianas deportadas à força para a Rússia ou para territórios ocupados por forças russas também não é o que importa para Lula e para Janja, a mais nova influencer do Kremlin.

Um jantar para tiranos

Segundo o monitoramento de Direitos Humanos da ONU, os russos mataram 209 ucranianos e feriram 1.146 civis apenas no mês passado. Dezenove crianças morreram e 78 crianças ficaram feridas nos ataques aéreos russos desses últimos dias. Enquanto isso, Lula é recebido por Putin em um pomposo jantar, em Moscou.

Por algum motivo, lembrei-me do ditado alemão sobre responsabilidade e conivência com o extremismo, que costuma ser formulada da seguinte maneira:

“Se há dez pessoas numa mesa, um nazista se senta, e nenhuma pessoa se levanta, então existem onze nazistas”.

Vou reformular o ditado pra ilustrar o contexto deste artigo: “se há dez ditadores numa mesa, um suposto democrata se senta, e nenhuma pessoa se levanta, então existem 11 ditadores”.

Lula está sentado à mesa do anfitrião, Putin com o ditador da China, Xi Jinping, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, o ditador de Belarus, Alexander Lukashenko, o ditador cubano Miguel Diaz-Canel e ditadores de mais algumas dezenas de nações não democráticas como Azerbaijão, Bósnia, Burkina Fasso, Congo, etc.

Seria o presidente brasileiro um mero observador democrático infiltrado? Ou é mais sensato admitir que Lula está confabulando entre os seus?

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Catarina Rochamonte

Professora e escritora, com graduação, mestrado e doutorado em Filosofia, e pós-doutorado na área de Direito.

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Comentários (6)

Beth 11

17.05.2025 08:44

Mais uma excelente análise, sempre muito bem escrita!


Clayton De Souza pontes

13.05.2025 21:04

Pra mim, as escolhas de parceiros do Lula dizem tudo sobre sua natureza autoritária. Deve sonhar em ter o PT com a força do PC chinês


Paulo Cordaro

10.05.2025 09:34

Perfeito seu texto, Catarina. E não tem nada de manifesto político, é só uma bela análise da situação.


Washington

09.05.2025 16:07

Esse texto do "fogo" é muito bom; já começou abrindo polêmica, pegando fogo.


Luis Eduardo Rezende Caracik

09.05.2025 12:36

Catarina, me permita algumas observações: 1- O pacto Molotov Ribbentrop não era uma pacto de aliança. Era um pacto de não agressão mútua. A Russia temia a Alemanha e o Nazismo. Na mesma época, a Inglaterra, pelas mesmíssimas nações também pretendeu assinar um pacto semelhante. 2-Não é verdade que as comemorações do 09 de Maio estejam sendo cada vez maiores desde o início da guerra contra a Ucrânia. É exatamente o contrário, pois nem mesmo Putin iria deslocar equipamentos e contingentes já desgastados, para fazer parada em Moscou. A maior de todas as comemorações ocorreu no aniversário de 75 anos do fim da guerra, e na mesma ocasião os aliados promoveram uma grande comemoração na Normandia. 3- Os russos foram o povo que mais sofreu na segunda guerra. Morreram 20 milhões de civis e 7 milhões de militares. É por esta razão que o povo russo tem uma sensibilidade muito grande contra o nazismo e o neo nazismo, assim como os judeus. 4-Se não fosse a resistência russa na segunda guerra, o nazismo provavelmente teria provavelmente saído vitorioso. Muito me admira uma Doutora em filosofia escrever um artigo como este, tendencioso e faltando com o reconhecimento e respeito que o povo russo merece (não confunda o povo com o seu governante) apenas para lacrar em cima de Lula (que também não deve ser confundido com o povo brasileiro), inclusive discorrendo sobre a guerra na ucrânia como se não houvessem dados históricos e precedentes que levaram a este acontecimento. Textos como estes não são informativos e em nada contribuem para a paz. É um manifesto político, que omite dados e distorce fatos históricos. Não contribui para informação, mas muito contribui para deformação. Me perdoe a sinceridade, mas pago uma assinatura para ter jornalismo de qualidade e não ativismo político.


Andre Luis Dos Santos

09.05.2025 12:31

Excelente texto!


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