Homem de confiança e altos oficiais selam destino de Bolsonaro
Nunca o ditado, “nada está tão ruim que não possa piorar”, fez tanto sentido assim
Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior, respectivamente, ex-comandantes do Exército e da Força Aérea do governo Jair Bolsonaro, segundo informações constantes no relatório de indiciamento do ex-presidente e de mais 36 pessoas suspeitas dos crimes de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e Organização Criminosa, obtidas pelo jornal O Globo, apontaram que o ex-chefe do Executivo não apenas tinha pleno conhecimento dos planos e das tentativas golpistas, como ele próprio apresentou um documento prevendo a instauração de um Estado de defesa e também uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
De acordo com as informações do jornal, segundo Freire, Bolsonaro lhe apresentou duas versões da chamada “minuta do golpe”, ao lado do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, comunicando que deveria ser cumprido. Já Almeida Batista confirmou a declaração do colega militar e afirmou que também lhe foram submetidos os dois documentos, com a mesma instrução. Ambos, ainda, afirmaram que teriam avisado o presidente que, no caso de prosseguimento neste sentido, seria lhe dada “voz de prisão”. Bolsonaro teria procurado, também, o general Estevam Theophilo, líder do Comando das Operações Terrestres (Coter), também segundo a matéria e o relatório da PF.
Sempre pode piorar
Na quinta-feira, 21, a imprensa divulgou que o ex-ajudante de ordens e homem de inteira confiança de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Lourena Cid, em novo depoimento ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no âmbito de seu acordo de colaboração (“delação premiada”), afirmou que o ex-presidente pediu alterações nos documentos citados pelos militares, sendo, portanto, a terceira testemunha ocular da participação direta de Jair Bolsonaro nas tratativas de um possível golpe de Estado, conforme indiciamento da Polícia Federal, entregue à procuradoria-geral da República, para análise e provável oferecimento de denúncia ao STF.
Além dos três militares acima, outro oficial de confiança do “mito”, o general da reserva Mário Fernandes, preso na Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal na terça-feira, 19, o ex-número dois da secretaria-geral da Presidência da República que imprimiu no próprio Palácio do Planalto o plano “Punhal Verde Amarelo” – que previa, dentre outros crimes, “neutralizar” Alexandre de Moraes e envenenar o presidente Lula -, poderá, a depender de sua oitiva, sacramentar de vez o destino de Jair Bolsonaro, que, tudo indica, será uma pesada pena de prisão, além, é claro, do aumento da já determinada inelegibilidade. Nunca o ditado, “nada está tão ruim que não possa piorar”, fez tanto sentido assim.
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