É a barata a favor do chinelo, Sidônio
Vídeo de Nikolas sobre o monitoramento do Pix viralizou porque expressava uma verdade, assim como ocorreu no caso dos memes de Taxadd, mas os governistas insistem em só confrontar uma única mentira

Os governistas reagem desnorteados ao vídeo de Nikolas Ferreira (PL-MG), que foi apontado como o motivo para o recuo do governo Lula sobre o monitoramento do Pix. Mas o deputado federal de oposição apenas sintetizou o sentimento da porção de brasileiros que temia ser forçada a pagar a conta de um governo perdulário.
Um vídeo de protesto em particular — e alguns deles foram incluídos na gravação de Nikolas que ultrapassou 300 milhões de vizualizações — é especialmente eloquente sobre esse sentimento de desconfiança e revolta.
A autora se identifica como Fabi Terra no TikTok, uma “pobre de direita”, essa categoria de que a intelectualidade brasileira (de esquerda) sempre debochou e que agora vai à forra. Não por acaso. Nikolas também compartilhou esse vídeo em suas redes sociais.
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O que é pior?
“Gente, eu não sei o que está sendo pior: se é o governo, agora usando a Receita Federal para arrecadar mais para bater meta ou se é os petistas fanáticos que agora deram para criminalizar o brasileiro trabalhador, nos acusando de sonegadores de impostos para poder justificar a sua defesa, o seu bandidinho favorito”, reclama.
“É porque agora deram para criminalizar você, que é manicure, que é trabalhador, que é motoboy, que é correria, assim como eu, né? Porque o governo não quer saber o que das suas movimentações é lucro, né? Mas eles querem saber o que você movimentou para eles tirarem a parte deles, então o que a galera de esquerda está fazendo? Estão criminalizando você como trabalhador, te chamando de sonegador”, segue Fabi no vídeo, que tem 81 mil vizualizações no TikTok.
A barata a favor do chinelo
Na sequência, a influenciadora de direita dá uma exagerada, colocando Hitler no meio:
“Essa, com certeza, é a galerinha que entregaria os judeus na época da Alemanha do bigodinho, né? Porque era a lei, estava na lei que tinha que entregar um judeu, então eles entregariam facilmente. O problema é que aqui, no Brasil, a coisa está tão feia, meu filho, que se você comprar três pacotes de café, você já tem que declarar imposto de renda agora.”
“Vamos lá, olha o nível [a] que vocês chegaram, ao ponto de chamar o pobre trabalhador, correria, de sonegador de imposto, de criminoso, do caramba [a] quatro, para justificar a merda e a ganância do seu político, que não consegue manter as metas dele. É a barata a favor de chinelo“, finaliza.
A resposta
Desde que o vídeo de Nikolas viralizou, os governistas tentam contrapô-lo. A última tentativa foi da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que conseguiu recentemente pautar o debate sobre o fim ds jornada de trabalho 6×1, um projeto sem qualquer viabilidade no Congresso Nacional e sem sentido, porque não haveria condição ser reduzir a carga de trabalho por mágica.
O vídeo de Hilton sobre o monitoramento do Pix contou com a mobilização da militância de esquerda e beirava os 60 milhões de vizualizações um dia depois de publicado, pouco mais da metade do de Nikolas, que superou 100 milhões de views em 24 horas.
A gravação da deputada sofre do mesmo problema da feita pelo colega Lindbergh Farias (PT-RJ): rebate uma mentira, a alegação de que o Pix seria taxado, mas não a verdade, já que o principal motivo para o governo recuar do monitoramento foi a desconfiança em relação às intenções de Lula — e isso foi confirmado pela publicação de uma medida provisória que pretende exatamente garantir que o Pix não será taxado nem monitorado.
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Verdades e mentiras
O vídeo de Nikolas viralizou porque expressava uma verdade, assim como ocorreu no caso dos memes de Taxadd, quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, virou o protagonista de uma série de paródias cinematográficas sobre impostos e taxação, na época do debate sobre a taxação das compras do exterior de menos de 50 dólares.
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E, assim como ocorreu no caso de Taxadd, os governistas preferem agora desviar do assunto, desqualificando as críticas e desconfianças sobre as intenções da instrução normativa da Receita Federal, ao tratá-las como algo orquestrado e, portanto, ilegítimo.
A reação aos memes de Taxadd coube a Paulo Pimenta, que se imolou em público na semana passada para limpar a barra de Lula. A reação à crise do Pix cabe a Sidônio Palmeira, seu substituto, que segue na mesma linha do antecessor.
Missão (praticamente) impossível
Haddad disse ter enxergado o dedo de Jair Bolsonaro no vídeo de Nikolas, em mais uma tentativa de tratar como ataque político-partidário o que na verdade é um sentimento difuso e generalizado de uma parcela da população que o governo Lula tenta sem sucesso convencer e seduzir.
É possível ganhar uma batalha de comunicação mesmo estando errado, como mostrou Guido Mantega em debate contra Armínio Fraga na eleição de 2014, mas essa é uma missão muito mais difícil, por definição, ainda mais quando travada por milhares de pessoas ao mesmo tempo.
Enquanto os opositores do governo Lula contam com a participação de um exército de desconfiados — armados de suspeitas exatamente pelas atitudes do próprio governo —, sobrou para os defensores do petista desviar da questão, tentar desqualificar os críticos e simular espontaneidade nas respostas.
Enfim, restou aos governistas torcer para a barata abraçar o chinelo.
Leia mais: O problema da crise do Pix é o próprio governo Lula
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Comentários (2)
Amaury G Feitosa
20.01.2025 11:27Farinha pouca MEU PIRÃO primeiro ... assinado Lulinha Paxis e Amore.
Marcia Elizabeth Brunetti
20.01.2025 09:28O papi dos póbri e sua gangue não vão conseguir mudar o sentido do vídeo. O povo sabe que ele falou a verdade, e Sidônio pode até ser um bom marqueteiro, mas é só um marqueteiro, e não mudará a realidade que o Brasil apresenta.