Defensores do Hamas: o curso de Filosofia da UECE é uma vergonha
Não se admite nada menos do que mesas compostas apenas por aqueles que querem riscar Israel do mapa e consideram os monstros perversos do Hamas heróis da resistência palestina
Após a demonstração de intolerância e estupidez ocorrida na Universidade Federal do Ceará (UFC), quando extremistas de esquerda interromperam uma mesa redonda sobre o conflito no Oriente Médio, portando um enorme cartaz com a foto do perverso líder terrorista Yahya Sinwar, responsável por liderar o pior e mais bestial massacre contra judeus desde o holocausto, o presidente do Colegiado de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará (UECE), João Emiliano Fortaleza de Aquino, escreveu um ofício para o reitor da UFC, Custódio Almeida, se solidarizando com os fanáticos.
Segundo Emiliano, os “estudantes” estavam certos em impedir o debate, pois “não é possível tratar cientificamente do assunto“. Entenderam, leitores? Segundo a nota do professor de Filosofia e presidente de um colegiado de Filosofia, não se pode debater sobre Israel. Só se pode condenar Israel. Não se admite nada menos do que mesas compostas apenas por aqueles que querem riscar Israel do mapa e consideram os monstros perversos do Hamas heróis da resistência palestina.
No mundo intelectualmente invertido e moralmente deturpado do presidente do Colegiado de Filosofia da UECE, impedir um debate acadêmico erguendo cartazes de homenagem a um perverso terrorista conhecido como o “carniceiro de Khan Younis” é não apenas legítimo, mas uma “ação política, ética e humanista, movida por forte sentimento de solidariedade ao gênero humano e respeito aos Direitos Humanos.”
Para se ter noção do grau de extremismo dessas pessoas, convém notar, como foi explicado en passant no meu artigo anterior, que o evento trazia judeus moderados de esquerda, que advogavam obviamente pela existência do Estado de Israel, mas que tinham muitas críticas ao atual governo de Benjamin Netanyahu e a um sionismo mais radical.
O evento tinha o título “Entre a barbárie e o messianismo: perspectivas para o dia seguinte na atual crise do conflito palestino-israelense”, mas ele não pôde acontecer porque a mesa não era composta apenas por defensores do Hamas, como o professor Emiliano Aquino.
A “nova democracia”
Um site chamado “A nova democracia” comemorou o impedimento do debate e elogiou a homenagem feita ao “comandante” e “líder da luta armada por libertação”, a saber, o chefe terrorista Sinwar, responsável pelo pogrom de 7 de outubro de 2023 e recentemente eliminado pelas Forças de Defesa de Israel.
Em seguida, a matéria do site afirma que “a manifestação já atrai apoio de parte progressista da comunidade acadêmica” e cita então a já referida nota do Colegiado de Professores dos Cursos de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará ao reitor da UFC.
O curso de filosofia da UECE
A postura do professor Emiliano de Aquino é deplorável e a atitude dos outros professores de Filosofia da UECE é covarde por permitir que Emiliano escreva tais barbaridades em seus nomes e por terem permitido que o Centro de Humanidades da Universidade do Ceará se tornasse um centro de militância cega, de doutrinação desenfreada, uma fábrica, em suma, de jovens radicalizados, estupidificados e violentos.
“Nossa, Catarina, será que você não está exagerando?” pode se perguntar o leitor. Não. Não estou. Sei exatamente do que estou falando porque fiz minha graduação em Filosofia na UECE e, mais tarde, após concluir meu doutorado em outro estado, fui aprovada em concurso público e tornei-me professora substituta nesse mesmo curso de Filosofia da UECE, então sob a coordenação do mesmo Emiliano Fortaleza de Aquino.
Caçada ideológica
Como alguns já sabem, sou persona non grata na UECE e na filosofia acadêmica cearense de modo geral. Em meados de 2018, sofri uma espécie de cerco por ter ousado escrever um texto no jornal cearense O Povo, cujo título era “A guinada à direita”.
Emiliano de Aquino e outros professores do curso de Filosofia insuflaram os alunos contra mim e, de repente, vi-me sendo xingada nas redes sociais das formas mais baixas e vis por alunos e colegas. O clima de hostilidade contra mim na Faculdade de Filosofia atingiu um nível tal que eu precisei deixar de dar aulas por questão de segurança pessoal. Poucos foram os professores que não aderiram à caça ideológica e nenhum deles me defendeu.
Diferentemente deles, porém, jamais falei de política em sala de aula. Honrei meu compromisso de ensinar Filosofia. Fui perseguida, assediada e difamada por ter feito o uso público da razão, ou seja, por fazer aquilo que no texto Was ist Aufklärung, Kant disse ser fundamental para qualquer sociedade que se pretenda esclarecida.
O meu caso é um dentre tantos que expõe a hipocrisia, a maldade e a covardia desses ideólogos doutrinadores militantes que usam a honrosa função de professor para cooptar mentes incautas para a sua visão de mundo insensata e perniciosa.
Eles me prejudicaram muito, mas não me calaram e jamais me calarão. Eles tiraram de mim, por algum tempo, a sala de aula. Mas não podem tirar de mim a honra, o discernimento e o bom senso. Como diria Schopenhauer, são apenas pobres diabos que vivem da Filosofia e não para a Filosofia.
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