Crusoé: Putin pode destruir toda a Europa?
"Seu Deus não existe, tudo é permitido", sugere Ivan Karamazov, no romance de Fiódor Dostoiévski

A reação do ditador Vladimir Putin após se aventar uma proposta de cessar-fogo de 30 dias na invasão da Ucrânia foi divulgar na agência estatal Tass nesta quarta, 12, uma nota dizendo que ele está disposto a conversar por telefone com o presidente americano Donald Trump.
A nota é ilustrada com uma imagem de Putin ao telefone (foto).
Putin, até agora, não sinalizou em fazer qualquer concessão para a Ucrânia.
Em vez disso, cobra um sinal de deferência de Trump.
Por que não um cessar-fogo definitivo?
Nos próximos dias, haverá muita ansiedade sobre se a Rússia vai acatar ou não a sugestão de um cessar-fogo e por quanto tempo a pausa poderá durar.
Mas não há nada que assegure que Putin dará um fim à guerra que ele próprio começou.
Putin já tomou um naco da Geórgia, em 2008, e 20% do território ucraniano. Nada o impede de seguir e conquistar toda a Ucrânia, que era o seu objetivo inicial.
Depois disso, ele ainda poderia seguir por outros países da Europa.
Último recurso
Quando nos deparamos com a possibilidade de uma grande tragédia, a reação normal é pensar que, antes que tudo acabe, algo irá aparecer para nos salvar.
Há sempre a crença de que há uma ordem no universo, que não poderá ser totalmente quebrada.
Alguém, um pai, uma mãe, um super-herói, um presidente ou um Deus misericordioso irá interceder por nós impedindo que o mal se estabeleça de uma vez.
São raros os rebeldes que afirmam que estamos todos reféns do acaso, que a vida não faz sentido e que nada pode ser assegurado.
Ou, como sugere o personagem Ivan no romance Os Irmãos Karamazov, do russo Fiódor Dostoiévski, “Seu Deus não existe, tudo é permitido“.
Não é função deste artigo questionar se Deus existe ou não, pois essa é uma pergunta de cunho pessoal e infindável.
A questão que aqui se coloca é que, com base na realidade atual, não há como garantir um desfecho positivo para os acontecimentos.
A docilidade Trump
Putin está vencendo na Ucrânia e, no futuro, terá uma capacidade para lançar — diariamente — 500 mísseis balísticos, hipersônicos e drones contra as cidades ucranianas.
Essa capacidade destruidora poderá, a qualquer momento, ser direcionada para outro país europeu.
Ou para a Europa toda…
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Comentários (3)
ALDO FERREIRA DE MORAES ARAUJO
12.03.2025 19:11Se Putin quiser realmente colocar um ponto final rápido nesta guerra jogando uma bomba atômica em alguma cidade ucraniana e ameaçar com mais, sabem o que o Ocidente fará, principalmente Trump? NADA.
Suely Racy
12.03.2025 11:47Se a Rússia rejeitar o cessar fogo, os Estados Unidos podem realmente começar a defender a Ucrânia.
Liana
12.03.2025 11:32Parabéns Duda! Essa análise foi perfeita.