Copia e cola de Galípolo
Um trecho da ata do Copom publicada nesta terça-feira, 24, idêntico ao da ata de dezembro de 2024, comprova que nada mudou, nem no Banco Central, nem no governo Lula

Os lulistas passaram dois anos acusando Roberto Campos Neto de sabotar a economia brasileira ao manter a taxa básica de juros elevada. Quase seis meses após o indicado de Jair Bolsonaro ter deixado a presidência do Banco Central (BC), contudo, a Selic atingiu o maior patamar em 19 anos, e como consequência de reuniões comandadas por Gabriel Galípolo (foto), indicado por Lula.
Após passar meses apontando o dedo para Campos Neto enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC seguia elevando a taxa básica de juros, Gleisi Hoffmann, ministra de Relações Institucionais, e Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, nem se animam mais a remoer o clássico discurso da herança maldita, e simplesmente fingem que Galípolo não existe ao espernear.
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Mas o fato é que não apenas o BC segue o mesmo da época de Campos Neto, como o governo Lula também não mudou em nada sua política fiscal gastadora e irresponsável. E isso pode ser atestado por um trecho da ata do Copom publicada nesta terça-feira, 24, que é idêntico a outro trecho, publicado na ata de dezembro de 2024, quando Campos Neto ainda comandava o BC:
“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade. O Comitê, em sua análise de atividade, manteve a firme convicção de que as políticas devem ser previsíveis, críveis e anticíclicas. Em particular, o debate do Comitê evidenciou, novamente, a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas.”
Alerta antigo
Esse exato trecho também pode ser lido na ata da reunião de maio, e o alerta foi dado com as mesmas palavras, mas com algumas modificações, nas atas de janeiro e março de 2025 — em todas as ocasiões, a taxa básica de juros foi elevada.
O recado para o governo Lula sobre o “esmorecimento no esforço de reformas estruturais” é ainda mais antigo e vem sendo dado nesses termos desde a ata de agosto de 2023.
Curiosamente, a ata da reunião anterior, de junho de 2023, registrava que “o Comitê discutiu também os impactos do cenário fiscal sobre a inflação e avalia que a apresentação e a tramitação do arcabouço fiscal reduziram substancialmente a incerteza em torno do risco fiscal”.
A empolgação com o novo arcabouço fiscal não durou muito, como se vê, e a ata de junho de 2023 já antecipava isso, ao dizer que “entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação” destacava-se, entre outras questões, “alguma incerteza residual sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional e, de forma mais relevante para a condução da política monetária, seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco”.
Uma boa notícia
Não há nada de errado na repetição da mensagem do BC. Pelo contrário: é um dever dos técnicos alertar para os problemas. Errado é o governo Lula simplesmente ignorar os avisos há dois anos e seguir pressionando para cima a inflação e, junto com ela, a taxa básica de juros.
Ao mesmo tempo, os governistas fingem não ter nada a ver com a alta na taxa de juros e, ainda por cima, esperneiam na esperança de que o BC derrube a Selic artificialmente, para aquecer a economia e projetar sentimento de bem-estar, por alguns votos para Lula — sempre ao custo do futuro do país.
A manutenção da rigidez do BC na política monetária é um alento para o Brasil durante um governo totalmente descompromissado com o equilíbrio fiscal. É importante destacar também que o Copom é um colegiado, e que o presidente do BC não toma suas decisões sozinhos, ao contrário do que Lula tentava convencer o país durante os anos de Campos Neto.
O comitê, aliás, tem tomado decisões unânimes desde a gestão passada, o que demonstra unidade e dá mais peso às suas decisões. Diante de um governo irresponsável e boquirroto como o de Lula, isso é essencial para evitar que a economia brasileira saia dos trilhos de vez.
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Comentários (1)
Andre Luis Dos Santos
24.06.2025 15:58"Governo irresponsável e boquirroto". Pra ficar perfeito, só faltou acrescentar "corruPTo".