Como fazer amigos (no governo Lula) e influenciar pessoas

16.03.2025

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Como fazer amigos (no governo Lula) e influenciar pessoas

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Rodolfo Borges
4 minutos de leitura 24.11.2024 08:15 comentários
Análise

Como fazer amigos (no governo Lula) e influenciar pessoas

Felipe Neto está em perfeita harmonia com o governo petista: defende taxação enquanto recebe isenção, "combate o ódio" alimentando rancores e enfrenta desinformação com desinformação

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Rodolfo Borges
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Como fazer amigos (no governo Lula) e influenciar pessoas
Foto: Reprodução/ X

Não é uma história nova. No início do governo Lula, Raphael Sousa Oliveira, criador do perfil Choquei, despontou como fiel escudeiro da primeira-dama Rosângela “Janja” Lula da Silva (à esquerda na foto).

Raphael chegou a participar dos prepativos para a cerimônia de posse de Lula, revelando bastidores do Palácio da Alvorada em seu perfil de fofoca, mas sua relação com o poder esfriou depois que o suicídio de uma jovem jogou holofotes sobre a forma irresponsável como o perfil se apropriou do noticiário.

O Choquei, que tem oito milhões de seguidores no X, passou um tempo fora do circuito de notícias, e voltou mais discreto no governismo. Seu lugar é ocupado agora por Felipe Neto (à direita na foto), que tem 17 milhões de seguidores no X e se propõe a servir como uma espécie de consciência esquerdista do governo — para dar uma ideia do tamanho da pretensão.

“Fuck you”

O influenciador, que fez sua fama no YouTube — onde reuniu 46 milhões de seguidores não exatamente falando bem do PT —, estava diante de Janja e a incentivou a dizer “fuck you, Elon Musk”. Depois, Neto apoiou a ofensa da primeira-dama em post no X: “Eles não irão vencer. Fuck you, Elon Musk”.

Convertido durante o governo Jair Bolsonaro à esquerda petista, o influenciador chegou a fazer um desafio a Musk via redes sociais, como se falasse em nome do governo brasileiro.

Em resposta à postagem em que o bilionário disse que “eles vão perder a próxima eleição”, debochando do xingamento de Janja, Neto escreveu, em inglês: “Veremos. Tente interferir. Eu imploro. Apenas tente”.

Perse

A história chamou atenção, mais uma vez, para Neto, da mesma forma como ocorreu com a Choquei. Para o seu bem — porque os influenciadores vivem de atenção, essa é a base do negócio — e para o seu mal, porque Neto se tornou o destaque da lista de empresas beneficiadas pelo Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

Uma das empresas dos influenciador foi beneficiada com 14 milhões de reais em isenções fiscais, isso enquanto ele defende aumento de taxação para os mais ricos e a redução da jornada de trabalho com a manutenção do mesmo salário, alinhado à pauta petista.

Ele tentou se explicar em um longo post: “A Play9 é uma empresa onde sou sócio minoritário, sem participação na gestão financeira. Ela emprega centenas de pessoas. É uma empresa que me dá um imenso orgulho e da qual faço parte do board”.

Lula

Para retrucar as acusações de que estava sendo beneficiado pela proximidade com o governo Lula, Neto deixou seu elogio a Lula, simplificando assuntos complexos, como de costume, e sempre da forma que lhe convém:

“O programa foi criado durante o governo Bolsonaro e teve a data limite para seu uso estabelecida pelo congresso. Já o governo Lula tentou acabar com o PERSE. Ele removeu o benefício para atividades referentes a ‘produção’ em maio desse ano, momento em que a Play9 deixou de utilizar o benefício relativo a este CNAE, seguindo a legislação”.

Esse trecho da explicação do influenciador foi rebatido pela advogada tributarista Maria Carolina Gontijo, mais conhecida como Duquesa de Tax no X:

“Felipe Neto disse que a Play9 deixou de usar o benefício quando o presidente removeu o beneficio. Engraçado. Porque a empresa tentou um mandado de segurança pra continuar usando. ‘Pena’ que deu errado.”

Ódio e desinformação

Esse é apenas um dos milhões de questionamentos que podem e devem ser feitos sobre a militância política de Felipe Neto, que promove hoje um livro contra o ódio enquanto colabora para o aumento dos rancores nas redes sociais — o ex-presidente Jair Bolsonaro, que não é lá grande exemplo nessa seara, foi um dos que recuperou alguns dos vídeos com que o influenciador fez sua carreira, destilando impropérios contra os… petistas.

Além de defender taxação enquanto é beneficiado por isenções e “combater o ódio” alimentando o ódio na internet, Neto também está entre aqueles que alegam enfrentar a desinformação (dos outros) enquanto disseminam suas próprias desinformações.

Quem lembra dele acusando (e, depois de flagrado, apagando) Musk de “ajudar os ditadores da Arábia Saudita a capturarem pessoas por tweets” ou do sinuoso debate sobre a taxação da Shein?

Enfim, é um influenciador em perfeita harmonia com o governo Lula.

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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