Bolsonaro transforma novo drama em mais uma triste exploração política
Na manhã desta terça-feira, 15, o ex-presidente divulgou imagens, caminhando pelos corredores do hospital ao lado da equipe médica

Políticos, via de regra, não são seres humanos “normais”. Usei aspas porque, como sabido, de perto, ninguém é. Mas, convenhamos, essa turma é um pouco mais anormal que a média.
Costumo brincar que políticos olham primeiro para o próprio umbigo. Depois, para o próprio pé. Em seguida, para o espelho. Daí, sobrando tempo, olham para a família e os amigos. Um dia, acordam e se lembram de um tal eleitor. Sujeito esquisito que acredita no que eles prometem, lhes confia o voto e nunca mais aparece. Ou melhor, aparece quatro anos depois e faz tudo igual.
Transtornos de personalidade e doenças psíquicas todos nós temos, em maior ou menor grau. Somos humanos, afinal. Porém, novamente, os políticos estão em patamar bem mais elevado. Vejam Donald Trump, por exemplo. E não. Não estou me referindo ao que está fazendo com o mundo neste momento.
Escapou por pouco
Em 13 de julho de 2024, durante a campanha presidencial, em meio a um comício em Butler, na Pensilvânia, o então candidato foi alvejado na orelha direita por um disparo de fuzil e só não teve o crânio explodido por milésimos de segundos e ínfimos milímetros. Não tivesse torcido o pescoço e o projétil lhe teria enviado para o além. Como reagiu o sujeito após o disparo? Levantou-se, ergueu o punho direito e posou triunfante, com a bandeira americana atrás de si.
Ok. Aquilo foi instinto. No calor do momento, cheio de adrenalina percorrendo sua corrente sanguínea e tudo mais. Mas e as horas seguintes? Os dias seguintes? Algum trauma? Depressão? Estresse pós-traumático? Questionamento sobre a vida e a morte? Que nada. Foi como se não tivesse sido com ele. Trump continuou a corrida eleitoral como se nada tivesse acontecido. Qualquer ser humano “normal” reagiria de forma totalmente inversa. E adversa.
De igual sorte, outra vez, assistimos a mais um show de exploração política envolvendo a saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro, às voltas, novamente, com mais uma grave cirurgia em decorrência do atentado à faca, sofrido durante a campanha eleitoral de 2018. Importante: a exploração política parte de si e de sua família.
Reality show tupiniquim
À época da tentativa de seu assassinato, em Juiz de Fora, Minas Gerais, o então deputado e candidato deixou-se fotografar com a barriga exposta e outras cenas íntimas, que deveriam ser restritas aos médicos e familiares, para que seu filho Carlos produzisse peças eleitorais e as distribuísse em redes sociais.
De lá para cá, sempre que algum evento médico ocorre, a tática se repete, já se tornando um padrão. Bolsonaro expõe ao país seu quadro clínico e, além de se vitimizar, vende-se como uma espécie de super-herói messiânico redentor. Mal fora internado na sexta-feira, 11, em Natal (RN), e o “espetáculo eleitoral” começou, tendo a devida sequência até a cirurgia de domingo, 13, em Brasília.
Na manhã desta terça-feira, 15, o ex-presidente, que será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por atos golpistas, já divulgou imagens do pós-operatório, caminhando pelos corredores do hospital ao lado da equipe médica. Nesta hora, o marketing funciona – e sobra – para todo mundo. Ou melhor, para aqueles que realmente não se importam com a própria intimidade e/ou não sofrem pelos problemas de saúde de um ente querido. Fosse eu, ou um familiar querido, estaria pensando em tudo, menos em exposição e propaganda política. Mas eu sou “normal”. Acho.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (6)
Marilena Cavalheiro
17.04.2025 18:44Quando, chegando de viajem em 2018, escutei no rádio o "suposto atentado" e. Na correria , o filho que o acompanhava disse: foi só um arranhão ....também foi ventilado uma suposta hérnia que deveria ser operada. Na iminência de perder a eleição veio a vitimizacao explorada até hoje. Pq tbem não foram descobertos os mandantes ?
Joe Luis França da Nova
16.04.2025 10:03Sim é verdade, fazem (os) tudo do mesmo e querem (os) resultados diferentes.
Angelo Sanchez
15.04.2025 21:54Muitos acreditam que o “descondenado” nunca foi condenado por corrupção e acredita que Bolsonaro está fazendo teatro e a facada não existiu. A ignorância faz milagres, até a eleição de um corrupto condenado e “descondenado”
Um_velho_na_janela
15.04.2025 18:58Cruel e desumano e retardar a compra de vacinas para negociar a propina embutida e contribuir com a morte de mais de 700 mil inocentes.
Mariade
15.04.2025 14:24comentário desnecessário, cruel e desumano. E voce, caro jornalista, não foi o alvo, a vítima desse atentado vil que a esquerda até hoje insiste em chamar de "fakeada" e faz piadas terríveis nas redes. Veja o que foi publicado hoje em forma de piada num site de notícias tido como "sério". Tudo isso é revoltante. Nunca me aprouve desumanizar nem um nem outro. E pior, pago para ler isso.
Um_velho_na_janela
15.04.2025 14:10Bolsonaro substitui o "panem et circenses" pelo "morbus et medicina", o respeitável e ignorante público adora e bate palmas.