A falsa equivalência entre Israel e Irã

19.07.2025

logo-crusoe-new
O Antagonista

A falsa equivalência entre Israel e Irã

avatar
Felipe Moura Brasil
5 minutos de leitura 16.06.2025 11:55 comentários
Análise

A falsa equivalência entre Israel e Irã

De todas as bolhas virtuais, a anti-Israel ainda é a pior

avatar
Felipe Moura Brasil
5 minutos de leitura 16.06.2025 11:55 comentários 1
A falsa equivalência entre Israel e Irã
Foto: Divulgação/ Israel Police

As três maiores bolhas virtuais de desinformação no Brasil são (sem ordem): a bolsonarista; a lulista; a anti-Israel.

Há pessoas capazes de filtrar a desinformação de uma ou duas delas, mas incapazes de fazer o mesmo em relação à outra, ou às outras.

Esse é um elemento curioso em relação à bolha anti-Israel: até uma fatia dos “isentões” domésticos, que não aderem às propagandas lulista e bolsonarista, foi abduzida pelo universo da propaganda anti-Israel e incorpora, como se fossem realidade, as narrativas oriundas do Irã, e de seu braço terrorista palestino, o Hamas, incluindo fachadas de relações públicas do grupo, como o “Ministério da Saúde de Gaza”, a maioria delas reproduzidas sem filtro pela imprensa e pelo presidente Lula (PT).

Hospital Al-Ahli

Os habitantes deste universo acreditaram, por exemplo, que Israel bombardeou hospitais e matou centenas de pessoas, quando houve uma explosão no estacionamento do Hospital Al-Ahli causada por um foguete errante da Jihad Islâmica; e quando o ataque cirúrgico a um túnel terrorista sob o Hospital Europeu eliminou o então número 1 do Hamas, Mohammed Sinwar, irmão de Yahya, eliminado antes em Rafah.

Acreditaram também que Israel matou a tiros 31 palestinos que tentavam coletar ajuda humanitária, quando a única evidência do episódio mostrou disparos de palestinos contra seus conterrâneos, o que levou o jornal The Washington Post a publicar um raro mea-culpa pela acusação inicial, feita sem base nos fatos.

Quando é necessário disseminar tantas mentiras para fazer as pessoas acreditarem que Israel planeja e executa, de modo perverso e deliberado, o assassinato em massa de civis, qualquer pessoa não movida pelo ódio anti-Israel nota que a necessidade vem da falta de evidências neste sentido, apesar da trágica quantidade de civis mortos no fogo cruzado.

Escudos humanos

O Hamas ainda usa palestinos como escudos humanos, com o objetivo, este sim perverso e deliberado, de constranger Israel a escolher entre deixar seu povo ser exterminado por terroristas e levar a culpa por vidas inocentes perdidas durante a neutralização do terror.

Para quem já odeia e demoniza um país, a ideia de que ele precisa reagir a mais de 1200 assassinatos e 250 sequestros, cometidos em um dia de invasão e ataques contra a sua população civil, já é ofensiva, que dirá a ideia de que ele não pode esperar sentado por novos ataques enquanto os terroristas se escondem sob áreas urbanas e densamente povoadas, mantendo reféns em cativeiro.

Para tornar a reação militar israelense mais revoltante, o noticiário ainda oculta iniciativas tomadas por Israel para evitar e mitigar os referidos danos, como envios de toneladas de ajuda humanitária em milhares de caminhões e de orientações a civis palestinos para saírem das zonas de guerra e se dirigirem a abrigos.

Manipulação emocional

A manipulação emocional mostra sua força quando o ódio sentido pelas pessoas que se deixaram levar por ela sobrevive até às refutações das narrativas que o causaram ou turbinaram. A bolha anti-Israel não informa seus habitantes sobre essas refutações, claro, mas eventualmente eles se deparam com elas fora da bolha e nem por isso dão o braço a torcer.

A necessidade de demonização chega agora ao ponto em que as imagens de centenas de mísseis balísticos disparados pelo Irã contra áreas inteiramente civis do território israelense, bem como as notícias sobre as pessoas mortas e identificadas com nome, sobrenome e entrevistas com familiares sobreviventes, são usadas para traçar equivalência, notadamente falsa, com a reação militar de Israel em Gaza.

Se Israel não tivesse sistemas de defesa aérea como o Domo de Ferro, que interceptam a maioria dos mísseis lançados contra o país, milhares de civis teriam sido assassinados pelo Irã (na foto, socorristas israelenses atuam em área civil), em retaliação à ofensiva israelense contra instalações nucleares. Já o Irã não tem sistema equivalente de defesa e, mesmo assim, as Forças de Defesa de Israel não saem disparando mísseis para matar civis iranianos.

Se alguma autoridade sugere que algo assim possa acontecer, é logo criticada internamente.

Uma democracia

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, por exemplo, chegou a publicar no X, na madrugada desta segunda-feira, 16, uma mensagem ambígua, que soou como ameaça:

“O ditador arrogante de Teerã se tornou um assassino covarde que dispara tiros direcionados à retaguarda civil em Israel para impedir que as FDI continuem o ataque que está destruindo suas capacidades. Os moradores de Teerã pagarão o preço, e em breve.”

Como Israel é uma democracia, onde se pode criticar autoridades sem ser morto ou desaparecido, e sem ter as contas suspensas em rede social, um monte de israelenses criticou a estupidez da postagem truncada, levando Katz a publicar esclarecimento nesta manhã:

“Gostaria de esclarecer o óbvio: não há intenção de agredir fisicamente os moradores de Teerã como o ditador assassino faz contra os moradores de Israel.

Os moradores de Teerã serão forçados a pagar o preço da ditadura e evacuar suas casas de áreas onde será necessário atacar alvos do regime e a infraestrutura de segurança em Teerã.

Continuaremos a proteger os moradores de Israel.”

Israel, até o momento, não se iguala e faz bem em não se igualar aos governos opressores e carniceiros do Hamas em Gaza e dos aiatolás no Irã. A bolha anti-Israel, a mais perversa de todas, porque coloca novamente em risco judeus do mundo inteiro, vai precisar renovar o estoque de mentiras para “provar” o contrário.

Leia mais: O balanço da guerra entre Israel e Irã

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

A confissão de Bolsonaro sobre “ganhar de quatro” também explica esse momento

Visualizar notícia
2

Rubio ordena revogação dos vistos de Moraes, aliados no STF e familiares próximos

Visualizar notícia
3

Eduardo Bolsonaro quer Trump, como Putin na Ucrânia, invadindo o Brasil

Visualizar notícia
4

A tornozeleira é o início. A prisão, o epílogo. O abandono, o fim de Bolsonaro

Visualizar notícia
5

Trump comemora fim do programa de Stephen Colbert

Visualizar notícia
6

Filipe Barros pede providências à ONU após decisão de Moraes contra Bolsonaro

Visualizar notícia
7

Deputado pede ação das Forças Armadas após decisão de Moraes contra Bolsonaro

Visualizar notícia
8

Crusoé: Os pontos cegos na decisão de Moraes sobre a tornozeleira

Visualizar notícia
9

Crusoé: Dobradinha de Lula com STF ataca inimigos comuns

Visualizar notícia
10

Bolsonaro cita “possibilidade de viagem” ao justificar US$ 14 mil em casa

Visualizar notícia
1

A tornozeleira é o início. A prisão, o epílogo. O abandono, o fim de Bolsonaro

Visualizar notícia
2

Rubio ordena revogação dos vistos de Moraes, aliados no STF e familiares próximos

Visualizar notícia
3

"O tempo da impunidade acabou", diz líder do PT sobre Bolsonaro

Visualizar notícia
4

Tarcísio se solidariza com Bolsonaro após operação da PF

Visualizar notícia
5

Turma do STF forma maioria para referendar decisão de Moraes contra Bolsonaro

Visualizar notícia
6

A confissão de Bolsonaro sobre “ganhar de quatro” também explica esse momento

Visualizar notícia
7

"Moraes está tentando criminalizar Trump", diz Eduardo Bolsonaro

Visualizar notícia
8

Deputado pede ação das Forças Armadas após decisão de Moraes contra Bolsonaro

Visualizar notícia
9

Eduardo Bolsonaro quer Trump, como Putin na Ucrânia, invadindo o Brasil

Visualizar notícia
10

Oposição no Congresso reage à decisão de Moraes contra Bolsonaro

Visualizar notícia
1

AGU sai em defesa de Moraes após sanções do governo Trump

Visualizar notícia
2

Globo encara crise no “Encontro” 

Visualizar notícia
3

Jerônimo Teixeira na Crusoé: As irrelevâncias de Eduardo Bolsonaro

Visualizar notícia
4

Trump quer US$ 10 bilhões por reportagem com suposta carta a Epstein

Visualizar notícia
5

Cármen Lúcia acompanha Moraes e defende restrições a Bolsonaro

Visualizar notícia
6

Tarot semanal: previsão para os signos de 21 a 27 de julho de 2025

Visualizar notícia
7

Leonardo Barreto na Crusoé: O governo no ataque

Visualizar notícia
8

Horóscopo do dia: previsão para os 12 signos em 19/07/2025

Visualizar notícia
9

A confissão de Bolsonaro sobre “ganhar de quatro” também explica esse momento

Visualizar notícia
10

Tarcísio exalta até “coragem” de Bolsonaro

Visualizar notícia

logo-oa
Assine nossa newsletter Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!
< Notícia Anterior

Grupo de autoridades brasileiras deixa Israel pela fronteira com a Jordânia

16.06.2025 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Richarlison anuncia o nascimento do primeiro filho

16.06.2025 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Felipe Moura Brasil

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (1)

ale

17.06.2025 11:14

Concordo com a existência da bolha anti-Israel, nosso governo é um dos líderes, mas com todo respeito e admiração que tenho pelo Felipe, que deu enorme impulso à Crusoé-Antagonista, ele também vive numa bolha cega pró-Israel, pois concorda com 100% dos posicionamentos do governo mais detestado pelos próprios israelenses. Sua narrativa implica que ele acredita piamente que os 300 palestinos mortos (ou o número que for) nas ultimas semanas foram todos assassinados pelos próprios palestinos e Zero pelo exército israelense. Idem para todas crianças e mulheres mortas entre os mais de 50mil até agora. Para o Felipe, todos os mortos eram terroristas do Hamas. Acho isso chocante. Me desanima de lê-lo quando vejo o título.


Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Globo encara crise no “Encontro” 

Globo encara crise no “Encontro” 

José Inácio Pilar Visualizar notícia
A confissão de Bolsonaro sobre “ganhar de quatro” também explica esse momento

A confissão de Bolsonaro sobre “ganhar de quatro” também explica esse momento

Felipe Moura Brasil Visualizar notícia
Crusoé: Dobradinha de Lula com STF ataca inimigos comuns

Crusoé: Dobradinha de Lula com STF ataca inimigos comuns

Duda Teixeira Visualizar notícia
Eduardo Bolsonaro quer Trump, como Putin na Ucrânia, invadindo o Brasil

Eduardo Bolsonaro quer Trump, como Putin na Ucrânia, invadindo o Brasil

Ricardo Kertzman Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.